Vereador de São Bernardo organizou seminário para discutir problema e soluções; advogados e médicos estiveram presentes
Agência BOM DIA
A Câmara Municipal de São Bernardo realizou nesta terça-feira o 1º Seminário de Discussão Pública de São Bernardo sobre Bullying. O evento foi idealizado pelo vereador Mauro Miaguti e contou com a presença de representantes da justiça e especialistas da área da saúde.
De acordo com a psicóloga Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztejn, uma das questões que precisam ser debatidas é a naturalidade que alguns pais veem no assunto.
“Tem gente que vê com naturalidade a prática de bullying e acham que é brincadeira de criança. Hoje há um costume de falta de enfrentamento e autoridade com esses jovens”, explicou a profissional que também é psicopedagoga e neuropsicóloga. “É preciso lembrar que não há bullying apenas nas escolas, também há em condomínios e outros lugares públicos.”
Segundo o médico neuropediatra Rubens Wajnsztejn, o que é muitas vezes desconhecido pelos pais e professores é que quem sofre com violência pública e psicológica pode desenvolver complicações.
“Há casos onde os jovens entram em quadro de pânico, ficam com problemas de ansiedade e depressão. Além das dificuldades emocionais, o estudante pode apresentar dificuldades físicas e alterações de ordem cerebral”, explicou o professor da Faculdade de Medicina do ABC.
punição/O presidente da Federação dos Advogados do Estado de São Paulo, Raimundo Hermes Barbosa, compareceu ao seminário para discutir as consequências jurídicas que a prática do bullying pode ocasionar. Segundo ele, os alunos, a escola e os pais podem ser responsabilizados por crimes contra a honra - injúria, calúnia e difamação.
Apelidos que geram traumas
Foram 16 anos de sofrimento por causa de um apelido. A moradora de Santo André Débora Oliveira Pataro da Silva começou a ser chamada de Buba aos 8 anos.
O nome se refere a personagem hermafrodita que a atriz Maria Luísa Mendonça interpretava na novela global Renascer de 1993. A brincadeira começou sem motivo e tomou grandes proporções.
“Me sentia extremamente ofendida. Passavam pessoas ao meu lado que nem conhecia e me xingavam. Muitas vezes perdi a paciência e cheguei a agredir, mas verbalmente”, contou a compradora que hoje tem 26 anos e sofreu da terceira série até o terceiro ano do colegial.
Segundo Débora, as chacotas na escola resultaram na baixa da autoestima e rendimento escolar durante toda a adolescência. “Ficava pensando se era feia ou se tinha algum problema. Em momentos críticos cheguei a pensar em morrer ou fugir de casa. Ia mal nas matérias e só conseguia passar de ano raspando com ajuda do conselho.”
Ela também contou que matava aulas para não ter que encontrar com os alunos que a ofendiam. “Passei todos os anos sofrendo sozinha. Não tive acompanhamento dos meus pais e nem de professores da escola. Na época todo mundo achava que era coisa de criança.”
Hoje, a ex-aluna é mãe de dois filhos e afirmou que não gosta de brincadeiras de cunho vexatório consigo ou com outras pessoas. “Somente quem passou por isso sabe como é difícil. Não gosto que brinquem com ninguém.”
Se perguntassem a Victor Petrrucci, 29 anos, como foi o período escolar há 7 anos na certa ele não responderia. Em entrevista ao BOM DIA, o analista de operações contou que na época foi difícil devido ao bullying que sofreu. Como não era alto, os estudantes o apelidavam com inúmeros adjetivos.
“Eu tinha 10 anos e me lembro como se fosse ontem. Foi horrível. Me chamavam de anão de jardim, coisinha e resto de mosquito. Um dia perdi a paciência na aula de educação física, briguei com um deles e apanhei dos outros três. Quando meu pai chegou na secretaria disse que bom que eu tinha batido, pois se eu tivesse só apanhado iria me dar outra surra quando chegasse em casa.”
Victor também disse que entre as consequências que o período deixou estão o medo de lugares com muita gente, de falar em público e vergonha. “O tempo todo fico com receio do que estão pensando sobre mim”, explicou.
Outro jovem que passou por problemas na escola foi Jonas Eduardo, de 22 anos. O morador de Santo André era vítima de chacota por ter as bochechas de cor rosa e estar acima de peso. Assim como outros estudantes que passam pelo problema não queria ir para escola para evitar ser zombado.
“Ficava triste e muito chateado. Às vezes ficava com tanta raiva que dava vontade de ir para cima e bater em todo mundo”, lembrou. Segundo o morador, o problema só parou de o afetar depois de fazer amizade com outras pessoas da escola. “Continuaram me zoando, mas quando estava acompanhado nem me importava muito.”
Agência BOM DIA
A Câmara Municipal de São Bernardo realizou nesta terça-feira o 1º Seminário de Discussão Pública de São Bernardo sobre Bullying. O evento foi idealizado pelo vereador Mauro Miaguti e contou com a presença de representantes da justiça e especialistas da área da saúde.
De acordo com a psicóloga Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztejn, uma das questões que precisam ser debatidas é a naturalidade que alguns pais veem no assunto.
“Tem gente que vê com naturalidade a prática de bullying e acham que é brincadeira de criança. Hoje há um costume de falta de enfrentamento e autoridade com esses jovens”, explicou a profissional que também é psicopedagoga e neuropsicóloga. “É preciso lembrar que não há bullying apenas nas escolas, também há em condomínios e outros lugares públicos.”
Segundo o médico neuropediatra Rubens Wajnsztejn, o que é muitas vezes desconhecido pelos pais e professores é que quem sofre com violência pública e psicológica pode desenvolver complicações.
“Há casos onde os jovens entram em quadro de pânico, ficam com problemas de ansiedade e depressão. Além das dificuldades emocionais, o estudante pode apresentar dificuldades físicas e alterações de ordem cerebral”, explicou o professor da Faculdade de Medicina do ABC.
punição/O presidente da Federação dos Advogados do Estado de São Paulo, Raimundo Hermes Barbosa, compareceu ao seminário para discutir as consequências jurídicas que a prática do bullying pode ocasionar. Segundo ele, os alunos, a escola e os pais podem ser responsabilizados por crimes contra a honra - injúria, calúnia e difamação.
Apelidos que geram traumas
Foram 16 anos de sofrimento por causa de um apelido. A moradora de Santo André Débora Oliveira Pataro da Silva começou a ser chamada de Buba aos 8 anos.
O nome se refere a personagem hermafrodita que a atriz Maria Luísa Mendonça interpretava na novela global Renascer de 1993. A brincadeira começou sem motivo e tomou grandes proporções.
“Me sentia extremamente ofendida. Passavam pessoas ao meu lado que nem conhecia e me xingavam. Muitas vezes perdi a paciência e cheguei a agredir, mas verbalmente”, contou a compradora que hoje tem 26 anos e sofreu da terceira série até o terceiro ano do colegial.
Segundo Débora, as chacotas na escola resultaram na baixa da autoestima e rendimento escolar durante toda a adolescência. “Ficava pensando se era feia ou se tinha algum problema. Em momentos críticos cheguei a pensar em morrer ou fugir de casa. Ia mal nas matérias e só conseguia passar de ano raspando com ajuda do conselho.”
Ela também contou que matava aulas para não ter que encontrar com os alunos que a ofendiam. “Passei todos os anos sofrendo sozinha. Não tive acompanhamento dos meus pais e nem de professores da escola. Na época todo mundo achava que era coisa de criança.”
Hoje, a ex-aluna é mãe de dois filhos e afirmou que não gosta de brincadeiras de cunho vexatório consigo ou com outras pessoas. “Somente quem passou por isso sabe como é difícil. Não gosto que brinquem com ninguém.”
Se perguntassem a Victor Petrrucci, 29 anos, como foi o período escolar há 7 anos na certa ele não responderia. Em entrevista ao BOM DIA, o analista de operações contou que na época foi difícil devido ao bullying que sofreu. Como não era alto, os estudantes o apelidavam com inúmeros adjetivos.
“Eu tinha 10 anos e me lembro como se fosse ontem. Foi horrível. Me chamavam de anão de jardim, coisinha e resto de mosquito. Um dia perdi a paciência na aula de educação física, briguei com um deles e apanhei dos outros três. Quando meu pai chegou na secretaria disse que bom que eu tinha batido, pois se eu tivesse só apanhado iria me dar outra surra quando chegasse em casa.”
Victor também disse que entre as consequências que o período deixou estão o medo de lugares com muita gente, de falar em público e vergonha. “O tempo todo fico com receio do que estão pensando sobre mim”, explicou.
Outro jovem que passou por problemas na escola foi Jonas Eduardo, de 22 anos. O morador de Santo André era vítima de chacota por ter as bochechas de cor rosa e estar acima de peso. Assim como outros estudantes que passam pelo problema não queria ir para escola para evitar ser zombado.
“Ficava triste e muito chateado. Às vezes ficava com tanta raiva que dava vontade de ir para cima e bater em todo mundo”, lembrou. Segundo o morador, o problema só parou de o afetar depois de fazer amizade com outras pessoas da escola. “Continuaram me zoando, mas quando estava acompanhado nem me importava muito.”
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