Tiago Brandão Rodrigues diz que não sabe porque João Wengorovius afirmou que tinha saído por "desacordo" com ele: "Não sei, não conheço".
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, está no Parlamento a dar explicações sobre a demissão do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses, mas diz que não conhece os motivos que levaram o ex-governante a ter saído em "desacordo", quer político, quer na forma de estar na política. E acabou por não dar respostas directas que justificassem a saída do governante. "As pessoas são diferentes, existem divergências", assumiu, sem se referir a que divergências teve com João Wengorovius.
"A política é só uma, é a do Governo e foi aprovada nesta câmara, o seu intérprete na área da Juventude e Desporto é o ministro e a sua equipa. Em relação ao desacordo de que fala, não sei do que fala, não conheço e não estabeleço nexo causal" entre as declarações e a saída do secretário de Estado, disse Tiago Brandão Rodrigues numa audição no Parlamento exigida pelo PSD.
Num momento em que está a ser criticado pelos sociais-democratas, e em que Passos Coelho o acusou de agir respondendo a outros interesses que não os da comunidade geral, o ministro não deixou de dar uma resposta que se aplica não só à demissão do secretário de Estado como a estas críticas sobre os contratos-associação: "A minha forma de estar na vida política é a transparência. Os meus interesses também são esses, os do bem público. São só o interesse público", acrescentou.
O PSD questionou Tiago Bradão Rodrigues pela voz do deputado Simão Ribeiro: "O que é que se passou de tão grave? Estavam em desacordo em relação a quê objectivamente? Era porque queria manter determinados dirigentes, apesar de não serem filiados no PS, apenas pelo argumento da qualidade, e o sr ministro discordava?"
A esquerda uniu-se toda – PS, PCP e BE – na defesa de que este é "um não assunto", expressão utilizada pelos deputados dos três partidos que optaram por não questionar o ministro sobre a demissão, lamentando não poderem fazer perguntas sobre as políticas. Nas respostas à esquerda, o ministro diz que respeita a decisão do PSD de o chamar à comissão, mas lamenta não poder falar das políticas desta área. Tiago Brandão Rodrigues aproveitou ainda para deixar uma farpa aos sociais-democratas, acusando-os de estarem a "fulanizar a governação e com isso abstrair-nos das políticas que lhes conferem sentido. Talvez por estarmos próximos do último governo e, assim, nos impeçam de verificar as políticas do anterior Governo", disse.
Já sobre as acusações de "bullying político" feitas pela adjunta do ex-secretário de Estado, Joana Lopes, num post no Facebook, Tiago Brandão Rodrigues preferiu desviar o assunto dizendo que "bullying é algo suficientemente grave" e por isso "é importante não vulgarizarmos a palavra".
No final da audição, o PSD lamentou a falta de esclarecimentos do ministro, assumindo que tudo não passou de uma "brincadeira perversa democrática". Aos jornalistas, o deputado Simão Ribeiro disse ainda que a audição foi um "conluio das esquerdas que boicotaram a acção fiscalizadora do Parlamento". O social-democrata referia-se ao facto de PS, PCP e BE terem chumbado o requerimento para audição do ministro – o que obrigou o PSD a usar o direito potestativo –, mas também ao chumbo com que os três partidos votaram um requerimento oral do partido para que fosse ouvido na Assembleia da República o ex-secretário de Estado, João Wengorovius Meneses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário