sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Projeto trabalha paz e cidadania entre estudantes



Clique para Ampliar
TUNO VIEIRA
 
Na Escola Municipal Valdemar Barroso, o recreio era um momento particularmente tenso por conta da violência. Após a implantação da iniciativa, em 2008, na instituição, os alunos estão mais tranquilos e confiantes
 
A ação promove um maior diálogo entre professores e alunos, além de incentivar atividades criativas

A violência é um problema cada vez mais presente nas salas de aula. As tensões vividas na família e na comunidade reverberam no ambiente escolar, comprometendo a principal missão da escola, educar. Mas a iniciativa de algumas instituições mostra que é possível, sim, inverter a situação e fazer da escola um catalisador de uma cultura de paz para todo o entorno.

E atitudes simples podem mudar, radicalmente, uma realidade que parecia incontornável. Na Escola Municipal Valdemar Barroso, o recreio era um momento particularmente tenso por conta da violência.

"As crianças ficavam o tempo todo correndo e brincando de briga, era frequente ficarem machucados. Até os professores tinham medo de passar pelo pátio, porque os alunos levavam para a escola a rivalidade de gangues das áreas ao redor", relata a vice-diretora da instituição, Solange de Sousa Lopes.

A solução veio por meio de um projeto para promover maior diálogo entre professores e alunos, além de direcionar o intervalo entre as aulas para atividades criativas. "Quando os alunos chegam, temos um momento que chamamos de acolhida, em que conversamos sobre ética e valores. E, na hora do recreio, distribuímos bolas, cordas e jogos de montar, que tiram o foco das brigas", explica.

Dedicação

O projeto, implantado em 2008, não trouxe soluções imediatas. Foi um trabalho lento, dia após dia, em que a confiança foi conquistada com paciência e dedicação. Tanto na acolhida quanto no recreio, os diretores e coordenadores procuram estar sempre por perto.

"Na conversa, a gente acaba descobrindo se aquela criança está com algum problema. E, à medida que a gente auxilia na solução de conflitos e dificuldades, eles percebem que não precisam da violência".

Segundo a vice-diretora, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), cuja escala é de zero a cinco, pulou de 2,8 para 3,9 desde que o projeto foi implementado na Escola Valdemar Barroso.

"É muito gratificante ver o resultado de todo esse esforço. Estudantes de outros colégios ficam maravilhados com o recreio daqui, e os pais já notaram que os filhos estão mais tranquilos", ressalta Solange.

Quando se pensa em negligência infantil, a primeira coisa que vem à mente é violência doméstica, abuso sexual, sofrimento psicológico, entre outros. Mas a negligência pode ocorrer fora dessas situações, muitas vezes perpetrada de forma inconsciente.

No bairro Curió, pais de alunos da Escola Municipal João Saraiva Leão participam de pesquisa para identificar situações desse tipo. A ideia é que o colégio atue como um mediador e busque a integração das famílias ao ambiente escolar. "A negligência infantil acontece quando há omissão de cuidado por parte dos pais ou responsáveis pela criança. Por exemplo, quando a criança não tem uma higiene adequada ou se ela falta aula vários dias sem justificativa", relata Raquel Maia, da ONG Instituto da Infância (Ifan), responsável pelo projeto.

Após reuniões de sensibilização com pais e estudantes, são aplicados questionários junto aos pais para conhecer a realidade deles e seus filhos. Raquel acentua que as situações de negligência precisam ser muito bem diagnosticadas, levando-se em conta a realidade de cada família.

"Há pais que não dão a atenção necessária aos filhos porque precisam trabalhar duro para sustentar a casa, então cada caso é um caso. Não queremos apontar culpados nem acusar ninguém, mas ajudar essas famílias a perceber essas situações e ajudá-los na solução".

KAROLINE VIANAREPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário