Os professores não estão preparados para lidar com o bullying em sala de aula. A constatação é da pesquisadora Ivone Pingoello, mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Como parte de sua tese de doutorado para a mesma instituição, Ivone está conduzindo pesquisa numa escola pública de Maringá, analisando o comportamento de cinco turmas de 5ª série, num total de 170 alunos.
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Pesquisa aponta que maioria dos professores não sabe lidar com esse mal
Os dados preliminares de seu levantamento impressionam: dos oito professores que aceitaram se submeter à pesquisa no início do ano, apenas um demonstrava conhecimento do que é bullying; outros oito professores simplesmente se recusaram a participar da pesquisa. "Vão me criticar por eu dizer isso, mas é verdade: apesar de o bullying estar sendo tão noticiado, os educadores em geral não sabem o que é."
De acordo com sua observação, para cada sala de 40 estudantes, pelo menos dois são vítimas constantes de bullying, com grupos de quatro ou cinco alunos atuando como líderes das agressões.
Mesmo com o panorama encontrado, a professora não perde as esperanças. "Com informação, podemos intervir e melhorar a situação. É isso que me dá forças para continuar." A primeira parte da pesquisa observou o comportamento dos alunos, submetendo-os a questionários e auxiliando os professores a identificar as vítimas do bullying, diferenciando a prática da simples brincadeira ou indisciplina.
"Quando os professores entram em contato com a informação, querem saber mais e há melhoras quase instantâneas", afirma Ivone.
Durante o segundo semestre, estão sendo acompanhadas práticas desenvolvidas pelos professores em sala de aula a respeito do bullying. Para a pesquisadora, a resposta para trabalhar os casos de bullying pode se resumir a uma palavra: conversa. "Não adianta dar de dedo."
Lidando com a situação
Ivone conta uma história representativa da postura que defende. Uma estudante de uma escola que estava acompanhando era vítima constante de bullying.
A pesquisadora chamou a criança agressora para uma conversa descompromissada. "Perguntei como vai a vida, esse tipo de coisa. Também falei das minhas atividades, tudo num tom bem leve."
Foram feitas algumas perguntas sobre como estava a relação dela com a família e a menina respondeu com evasivas. Só depois de algum tempo a menina respondeu que "havia sim" um probleminha: o pai havia a esquecido de parabenizá-la no aniversário.
Quando contou isso, a menina caiu em lágrimas. Ivone aproveitou a ocasião para dizer que todos passam por dificuldades na vida e que havia uma menina que passava por uma fase complicada por conta de um comportamento que ela estava tendo. "Só perguntei se ela achava aquilo legal", diz Ivone. "Depois disso não houve mais problemas. Não precisei gritar, nem me estressar nem nada."
A pesquisadora admite, no entanto, que no cotidiano corrido dos professores é difícil implementar a prática de diálogo. "Lidar com crianças de 11 a 13 anos, que é a faixa etária mais aguda para o bullying, não é fácil."
Em casos mais graves de violência física ou psicológica é recomendada a procura de autoridades judiciais para tratar da ocorrência.
Ivone defende que a preparação dos professores para lidar com o bullying venha desde a licenciatura, com os profissionais mais velhos participando de grupos de pesquisa. "Temos de aprender lidar com isso porque não adianta disfarçar: pode até haver uma escola que não admita, mas em todas há bullying."
Fonte: O Diário de Maringá
De acordo com sua observação, para cada sala de 40 estudantes, pelo menos dois são vítimas constantes de bullying, com grupos de quatro ou cinco alunos atuando como líderes das agressões.
Mesmo com o panorama encontrado, a professora não perde as esperanças. "Com informação, podemos intervir e melhorar a situação. É isso que me dá forças para continuar." A primeira parte da pesquisa observou o comportamento dos alunos, submetendo-os a questionários e auxiliando os professores a identificar as vítimas do bullying, diferenciando a prática da simples brincadeira ou indisciplina.
"Quando os professores entram em contato com a informação, querem saber mais e há melhoras quase instantâneas", afirma Ivone.
Durante o segundo semestre, estão sendo acompanhadas práticas desenvolvidas pelos professores em sala de aula a respeito do bullying. Para a pesquisadora, a resposta para trabalhar os casos de bullying pode se resumir a uma palavra: conversa. "Não adianta dar de dedo."
Lidando com a situação
Ivone conta uma história representativa da postura que defende. Uma estudante de uma escola que estava acompanhando era vítima constante de bullying.
A pesquisadora chamou a criança agressora para uma conversa descompromissada. "Perguntei como vai a vida, esse tipo de coisa. Também falei das minhas atividades, tudo num tom bem leve."
Foram feitas algumas perguntas sobre como estava a relação dela com a família e a menina respondeu com evasivas. Só depois de algum tempo a menina respondeu que "havia sim" um probleminha: o pai havia a esquecido de parabenizá-la no aniversário.
Quando contou isso, a menina caiu em lágrimas. Ivone aproveitou a ocasião para dizer que todos passam por dificuldades na vida e que havia uma menina que passava por uma fase complicada por conta de um comportamento que ela estava tendo. "Só perguntei se ela achava aquilo legal", diz Ivone. "Depois disso não houve mais problemas. Não precisei gritar, nem me estressar nem nada."
A pesquisadora admite, no entanto, que no cotidiano corrido dos professores é difícil implementar a prática de diálogo. "Lidar com crianças de 11 a 13 anos, que é a faixa etária mais aguda para o bullying, não é fácil."
Em casos mais graves de violência física ou psicológica é recomendada a procura de autoridades judiciais para tratar da ocorrência.
Ivone defende que a preparação dos professores para lidar com o bullying venha desde a licenciatura, com os profissionais mais velhos participando de grupos de pesquisa. "Temos de aprender lidar com isso porque não adianta disfarçar: pode até haver uma escola que não admita, mas em todas há bullying."
Fonte: O Diário de Maringá
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