terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Você sabe o que é bullying?


Educadores tem papel fundamental para evitar e enfrentar bullying na escola

Rede TV

A palavra Bullying tem origem na língua inglesa (bully = “valentão”). Bullying se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.
Indo um pouco além podemos dizer que o praticante deste ato gosta de plateia e de certa forma, conta com os olhares de atenção de quem está a sua volta. É comum que o agressor já tenha também sido agredido de alguma forma, usando a pratica de bullying para se vingar e expor suas próprias angústias. 
O diálogo e a consciência da seriedade do assunto são muito importantes. Muitas crianças reclamam verbalmente ou dão sinais de que estão sofrendo e nem sempre são ouvidas. Acontece também da pratica ser tratada como algo banal e que ‘’logo vai passar’’ e isto faz com que a criança se sinta cada vez mais sozinha e desprotegida, levando-a a atos drásticos. Outra questão de muitíssima importância e ainda pouco abordado é o fato de olharmos para o praticante de bullying com a mesma atenção que olhamos para quem sofre bullying. Precisamos ajudar, dialogar, tratar as duas partes. Caso contrário toda e qualquer solução será imediata, mas não durará. Além disso precisamos ter consciência de quem pratica esta agressão, provavelmente já sofreu com a mesma ou sofre com alguma questão emocional. A verdade é que agressor e agredido sofrem e precisamos falar disso. 
É importante observar as crianças diretamente envolvidas, as crianças que assistem a esta pratica (a plateia) e observar o comportamento individual de cada criança. Também é importante conversar com as famílias e propor um trabalho em conjunto. Também é importante um acompanhamento psicológico pois nem sempre os problemas serão resolvidos a curto prazo. O bullying é um ato que envolve questões emocionais e, portanto, este deve ser o principal foco do tratamento. Além disso, educação, respeito, cuidado com o próximo, são valores que a família e a sociedade precisam cada vez mais passar para as crianças e adolescentes. A criança é como uma esponja que absorve tudo que acontece a sua volta. E a partir disso ela vai pautando suas opiniões, seus questionamentos, seus valores. Se queremos que nossas crianças e adolescentes sejam pessoas que tenham consciência coletiva de respeito e de bem-estar social, precisamos ser assim ou seja, precisamos ser exemplo vivo disto. Não se pode plantar milho e colher batatas. 
Sendo exemplo. Sendo amáveis. Dando tempo e atenção. Do que adianta falar com seu filho sobre a importância da boa educação e chegar em casa e não dar bom dia para o porteiro do prédio? O que adianta falar sobre a importância do respeito e debochar daquele conhecido que não tem a mesma religião que você? Quando se faz isso, tenha certeza de que tudo fica marcado como exemplo para a criança. Precisamos viver o que falamos e falar o que vivemos. Sem hipocrisia. Reconhecendo onde e como precisamos melhorar e sendo autenticamente bons exemplos para nossas crianças. 
A escola é um equipamento cultural e de educação. Confiamos a ela nossas crianças. A escola conta com profissionais da educação, preparados para oferecer uma educação de qualidade às crianças e tem condições de acompanhar o comportamento da criança, passando a família este acompanhamento e dando suporte ao combate do bullying. Geralmente a pratica do bullying ocorre na escola pois é onde a criança começa a formar seus grupos e até mesmo sua identidade. Na escola ela convive com muitas crianças. Algumas parecidas com ela e outras muito diferente e isto faz com que a criança comece a se reconhecer enquanto indivíduo. Portanto a escola, além de ser um local onde está pratica costuma ocorrer, é também o local que possui educadores que podem exercer este papel dentro e fora de sala. Mas devemos ter plena consciência de que só a escola não resolve tudo. Assim como que educa não é só o professor. A família tem papel fundamental na educação da criança. É a escola em conjunto com a família quem educa a criança e são as duas juntas e entrosadas que podem resolver este problema, buscando meios que melhor combatam esta pratica. Ressalto também o papel de toda a sociedade nesta questão. Vivemos em sociedade e todo ato que praticamos tem reflexo na vida do outro. 
Quando publiquei meu primeiro livro infantil já realizava oficinas de contação de histórias. Sempre gostei dos temas que abordam a diversidade cultural. Diversidade é um assunto que gera polemicas pois trata do diferente. E se pensarmos bem somos todos diferentes e isso pode enriquecer muito nosso conhecimento se soubermos respeitar as diferenças e reconhecer seu valor.
Nos meus livros falo de assuntos como medo, preconceito, amizade, bem coletivo etc. Enquanto fazia as oficinas literárias comecei a sentir vontade de escrever histórias especificas para as oficinas. Assim surgiu a história do Menino e o vento, Princesas Negras, Pomar dentre outras, além dos livros No Reino de Pirapora e As duas bonecas azuis.
A Piraporiando realiza oficinas de contação de histórias que abordam o tema diversidade cultural. A Piraporiando também é uma editora de histórias infantis e mês que vem lançarei o trabalho “ Se esta história fosse minha’’. Neste trabalho, eu escrevo as histórias junto com as crianças e depois disso as histórias virarão livros publicados pela Piraporiando. Este trabalho é fruto das oficinas que realizo e que quero muito mostrar o resultado.
Atualmente realizo as oficinas em todo Brasil e realizei duas oficinas na Argentina. Ano que vem pretendo expandir este trabalho para a América do Sul. O livro As duas bonecas azuis foi traduzido para o espanhol e está à venda em meio impresso e também em e-book no Brasil, América do Sul, Portugal, Espanha, Cabo Verde, Angola e Moçambique. O livro No Reino de Pirapora foi premiado na Argentina e na Áustria. 
sobre Janine Rodrigues
Escritora de literatura infantil, educadora, produtora cultural e contadora de histórias. Formada em Gestão Socioambiental com especialização em educação infantil. Seus livros, oficinas, palestras, workshops e projetos culturais apresentam conteúdos educativos, com foco na valorização da diversidade cultural e abordam questões como a autoestima, o medo, a solidão, a amizade, a violência social, o preconceito, conceitos estereotipados e a felicidade. Premiada na Áustria e na Argentina, a abrangência de seu trabalho é nacional e internacional, incluindo principalmente países da america do sul. Participou do projeto – Inovação na Escola, desenvolvido pelo MEC com apoio da Petrobrás. Cursou ''RACISMO NA INFÂNCIA: UMA FORMA DE MAUS TRATOS'' no Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade . É fundadora diretora na Piraporiando, uma produtora cultural voltada para a arte literária, para o incentivo à leitura e para a valorização da diversidade, no Rio de Janeiro (RJ).

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