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A especialista e investigadora Cátia Vaz, licenciada e mestre em Educação Social e doutoranda no doutoramento de Ciências Sociais, é a autora do primeiro jogo em Portugal, ‘A Brincar e a Rir o Bullying Vamos Prevenir ‘, direccionado para a prevenção primária do ‘bullying’ escolar. Vem pela primeira vez à Região dar a conhecer sinais de alerta e mecanismos de prevenção deste fenómeno.
O que é o ‘bullying’?Considera-se que este fenómeno não é de hoje, mas de sempre, sendo que nos últimos anos tem ganho cada vez mais e maiores dimensões, não só em Portugal mas em todo o mundo, deixando de ser encarado como meras brincadeiras entre as crianças/jovens.
Quanto à sua definição, foram vários os autores que definiram o termo inglês ‘bullying’, no entanto, até ao momento em Portugal ainda não foi traduzido literalmente para português, mas não é por este facto que deixa de ser preocupante.
Este flagelo social e de acordo com alguns autores poderá ser interpretado como uma forma de conduta agressiva, propositada, prejudicial e cujos protagonistas serão crianças e jovens alunos em contexto escolar.
O ‘bullying’ é visto ainda como um tema tabu? Infelizmente, penso que ainda hoje em dia algumas escolas consideram o Bullying Escolar como um tema tabu, uma problemática que tende a ser camuflada o mais possível, ao invés de prevenida atempadamente.
Isto continua a deixar marcas para a vida? Considero que sim, que o ‘bullying’ deixará sempre marcas para a vida de todos aqueles que um dia estiveram envolvidos em determinados episódios. E quando digo para todos, refiro-me não apenas às vítimas, mas também aos agressores (muitas vezes menosprezados, ignorados, mudados simplesmente de escolas como forma de resolução do problema...), aos alunos testemunhas/observadores e familiares.
De que forma estes casos de ‘bullying’ podem ser diagnosticados? Estes casos poderão ser diagnosticados através de um olhar atento aos possíveis e chamados sinais de alerta! Costumo muitas vezes referir que ‘não basta apenas olhar...temos de realmente ver’!
Podem ir além da forma física? Que outras formas de violência existem? Os casos de ‘bullying’ podem ir além da forma de conduta agressiva física. Estas podem também ser verbais, psicológicas, sexuais e a mais recente forma o chamado ‘cyberbullying’, o ‘bullying’ utilizando as novas tecnologias.
Visto que grande parte dos casos ocorrem nas escolas, considera importante a intervenção de psicólogos nestas situações? Considero importante a intervenção de psicólogos nestas situações mas também de outros técnicos capacitados, tais como Educadores Sociais, Assistentes Sociais, entre outros, para, através de um trabalho em equipa, contribuírem para a prevenção a vários níveis do mesmo.
E relativamente aos professores? Necessitam também de apoio? Os professores são agentes de interacção directa com as crianças e jovens. Neste sentido, considero que é necessário também apostar na sua formação para poderem reconhecer possíveis casos de ‘bullying’.
Vem à Madeira apresentar vários ‘workshops’ junto de algumas escolas. Qual o objectivo desta iniciativa? Quem é o público-alvo? Depois de no Continente ter já realizado vários ‘workshops’ em escolas, colégios, entre outras instituições, será agora a vez de algumas escolas da Madeira.
A minha ida à Madeira, trata-se assim de um convite/iniciativa levada a cabo pela secção Regional da Associação Nacional de Professores (ANP) que decorrerá entre o dia de hoje e o dia 21 de Fevereiro. Tem como objectivo principal alertar, sensibilizar para esta problemática e para a importância da sua prevenção. O público-alvo das acções que irei dinamizar serão alunos, professores, educadores, auxiliares e encarregados de educação.
É a autora do jogo ‘A Brincar e a Rir o Bullying Vamos Prevenir ‘, direccionado para a prevenção primária do ‘bullying’ escolar. Em que consiste este jogo? O jogo didáctico ‘A Brincar e a Rir o Bullying Vamos Prevenir’ consiste num kit, que inclui um jogo de tabuleiro e um jogo digital (CD com mais jogos).
Para mais informações sobre este instrumento didáctico, os interessados poderão consultar ao pormenor a descrição de cada um dos jogos no site: www.jogobullying.com
Que conselhos deixa às pessoas que se deparam com esta situação? Aconselho aos pais das crianças vítimas de ‘bullying’ que transmitam aos filhos que não devem ter medo, não devem ficar em casa e deixar de ir à escola, não devem tentar vinga-se do agressor, deixar de comer ou até mesmo deixar de estudar. Devem sim denunciar a situação e quebrar o chamado ‘código do silêncio’, contando a alguém o que se passa para que a situação possa ser resolvida antes que o pior aconteça. Reiterar junto das crianças/jovens que devem saber que os adultos só poderão ajudar se souberem o que estão a viver.
Apesar de por vezes ser mais complicado assumir que o nosso filho é o ‘mau da fita’, no caso de serem pais de crianças agressoras não devem ignorar a situação. Devem manter a calma e jamais usar a violência para resolver o problema, falar com os professores, psicólogos, entre outros profissionais, pedindo-lhes ajuda. Devem também tentar canalizar a conduta agressiva da criança/jovem com algum desporto de competição, como por exemplo deixar claro que a conduta de agressão não é permitida na família, explicar as possíveis consequências a curto, médio e longo prazo e demonstrar-lhes que continuarão a amá-los tanto quanto antes, mas que desaprovam o seu comportamento (lembrar, que por vezes um reforço positivo por parte dos pais perante a agressividade dos filhos, pode piorar e muito a situação).
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