Familiares da vítima disseram que o estudante foi morto porque iniciou um relacionamento com a ex-namorada do autor do crime
O suspeito de matar a tiros o estudante Joabe de Jesus Silva, 17 anos, na última quinta-feira (17), no bairro do Rio Sena, se apresentou na terça-feira (22) à Delegacia do Adolescente Infrator (DAI). De acordo com Polícia Civil, o suspeito, que também tem 17 anos, compareceu à unidade acompanhado de uma advogada e com o revólver calibre 38 usado no crime. A arma pertence ao pai do adolescente, que trabalha como segurança.
Ainda de acordo com a polícia, a vítima e o assassino estudavam no Colégio Estadual Sara Violeta de Mello Kertész. Ouvido pela titular em exercício da DAI, delegada Patrícia Atanazio Gandini, o adolescente disse que matou o colega, usando a arma que pegou sem o conhecimento do pai, porque era alvo de bullying por parte de Joabe.
Entretanto, testemunhas e familiares da vítima informaram à polícia que o estudante foi morto porque iniciou um relacionamento com a ex-namorada do autor do crime, o que despertou ciúmes.
O crime aconteceu na frente da escola, localizada na rua Getúlio Vargas. Joabe, que estava fardado, foi atingido por três disparos, na virilha, costas e cabeça, chegou a ser socorrido por uma viatura ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com testemunhas, ele foi alvo de duas pessoas que estavam em uma moto.
Nos próximos dias a delegada vai interrogar o comparsa do adolescente que o levou de moto até o colégio. O dono da arma, já encaminhada para exames periciais, também será ouvido. Segundo a polícia, o suspeito já foi encaminhado ao Ministério Público para adoção de medidas socioeducativas.
CrimeSegundo relatos de amigos e familiares, Joabe havia reatado o relacionamento com uma adolescente de 12 anos, com quem namorava há mais de um ano. O rompimento da relação havia durado uma semana. Um dia antes de ser assassinado, Joabe reatou o namoro com a adolescente.
No período de rompimento, ainda segundo amigos, o estudante teria se relacionado com uma outra adolescente, que seria ex-namorada de um criminoso da região, que não teve a identidade revelada. Inconformado com o envolvimento da ex-namorada com Joabe, o suposto criminoso teria assassinado o estudante, com ajuda de um comparsa.
"Nós já namorávamos há um ano. Terminamos o namoro, mas só conseguimos ficar uma semana distantes. Na quinta-feira, um dia antes de ele morrer, nós conversamos e resolvermos voltar. Não sei o que aconteceu. Todos os momentos com ele eram especiais", contou a namorada.
Popular ente os colegas da escola e no bairro onde morava,
Joabe era considerado brincalhão (Foto: Reprodução) |
Popular ente os colegas da escola e no bairro onde morava, Joabe era considerado brincalhão, companheiro e tinha o hábito de ajudar os amigos. "Ele era um irmão para mim. Sempre estava perto, sorrindo. Dei conselho para ele vária vezes para voltar para a namorada, que não valia a pena só ficar. Disse várias vezes para ele tomar cuidado. Perdi um grande amigo", lamentou o estudante Jonata dos Santos, 20.
PerdãoDurante o enterro, o segurança Julio Silva, 37, pai de Joabe, afirmou que perdoava o autor da morte do filho. "Entendo que meu filho está com Deus, que ele foi chamado. Sei que nada trará meu filho de volta, mas eu perdoo quem fez isso contra ele. Não perdi meu filho, Deus o ganhou", disse.
De joelhos, a mãe do estudante, a assistente administrativa Lindinalva Silva, pediu justiça. "Eu peço paz. Peço, pelo amor de Deus, que a presidenta Dilma, que o governador, o prefeito, pela benção da mãe deles, que eles sintam a dor de uma perda e tomem uma providência para isso", cobrou.
Líderes da Igreja Pentecostal Santuário de Deus, os pais do adolescente disseram que ele era um bom filho e não possuía envolvimento com drogas. "Meu filho era um menino bom, nunca se envolveu com nada ruim. Era muito bonito, muito assediado, namorador. Vivia chamando todo mundo de 'meu amor'. Meu filho nunca se envolveu com drogas, com nada disso", disse.
O corpo de Joabe foi sepultado no Cemitério Quinta dos Lázaros no final da tarde de sexta-feira (18) na presença de centenas de amigos e familiares. Horas antes do enterro, o grupo fez um protesto pelas ruas do bairro de Rio Sena, passou em frente ao colégio - que não funcionou hoje - e prestou uma homenagem ao adolescente em frente à casa onde o garoto morava com a família, na rua do Sapinho.
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