quarta-feira, 16 de setembro de 2015

"Se voltas a falar castelhano atiro-te pela janela"

por DN.pt

A bandeira separatista catalã foi exigida no passado dia 11 de setembro, na 'Diada', dia nacional da Catalunha. Milhares manifestaram-se a favor da independência
A bandeira separatista catalã foi exigida no passado dia 11 de setembro, na 'Diada', dia nacional da Catalunha. Milhares manifestaram-se a favor da independênciaFotografia © REUTERS/ALBERT GEA
Pressões independentistas chegaram às salas de aula da Catalunha. Alunos sofrem com 'bullying' e pais que pedem ensino em castelhano e catalão são muitas vezes obrigados a mudar filhos de escola.
Uma criança espanhola, de sete anos, foi alvo de bullying na escola ao longo de ano e meio. Tudo porque os pais a mandaram para o colégio, em Sabadell, na comunidade autónoma da Catalunha, com o escudo espanhol no caderno de língua castelhana e uma bandeira catalã no caderno para escrever em catalão.
Apesar da tenra idade, a menina não foi poupada a comentários insultuosos e acusada de "traição". "Tu não és catalã, és uma espanholita de merda", disseram-lhe os companheiros de turma. Em frente a uma professora, contaram os pais da criança ao El Mundo, teve de ouvir: "Os teus pais são uma merda porque são espanhóis e se voltas a falar castelhano atiro-te pela janela".
A pressão foi tal que os pais se viram obrigados a levar a criança a vários especialistas. Sofria de taquicardia, ia à casa de banho mais de dez vezes por dia e não conseguia dormir sozinha. Só quando, finalmente, a mudaram de escola, é que os problemas terminaram. O caso remonta a 2012, mas não é o único. Numa altura em que as tensões se adensam na Catalunha, onde os separatistas reivindicam a independência com uma força cada vez maior, as escolas tornam-se um espelho das divisões na sociedade.
Aos pais da menina de sete anos, que chegou a sofrer ameaças diárias, os professores diziam sempre que não era mais do que um "reflexo da sociedade", desvalorizando a questão. O assunto foi levado à justiça e demonstra a crispação que está a chegar às salas de aula, em consequência do "fenómeno soberanista", assinala o jornal. Outro caso citado é o de uma mãe de Balaguer, em Lérida, que foi obrigada a mudar os filhos de escola devido às pressões sofridas por ter reclamado um ensino bilingue, em castelhano e catalão.

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