quinta-feira, 23 de abril de 2015

“Tal como navegar no mar, navegar na Internet acarreta riscos”

Problemas relacionados com a segurança digital, sobretudo entre os mais novos, foram abordados no III Fórum de Educação e Acção Social de Coruche. Porque as novas tecnologias também podem ser um meio de intimidação e agressão.

Maria tem 14 anos e foi vítima de cyberbullying por parte de três colegas de turma que decidiram utilizar as fotografias da sua página pessoal de Facebook e criar uma perfil falso intitulado “A Fada Maria”. As fotografias do rosto de Maria, modificadas em programas de computador para se assemelharem à imagem de um palhaço, correram a rede social acompanhadas de descrições sarcásticas e comentários maliciosos.

Este é apenas um dos muitos exemplos que ilustra os riscos associados à utilização da Internet a que todas as pessoas, sobretudo os mais jovens, estão sujeitas. As problemáticas da segurança digital, cyberbullying e bullying foram abordadas por João Galego e Sónia Seixas, professores na Escola Superior de Educação de Santarém (ESES), na manhã de quinta-feira, 16 de Abril, no III Fórum de Educação e Acção Social promovido pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do Concelho de Coruche e pelo município, no auditório do Museu Municipal de Coruche.

Na opinião de Sónia Seixas, “andamos enganados com falsas sensações de segurança” e é necessária a realização de acções de sensibilização nas escolas que ajudem a “desconstruir” as dinâmicas dos agressores e a ideia errada de uma “agressividade normal”. Às mais de três centenas de pais e educadores que participaram no primeiro dia do fórum, a professora da ESES lembrou que “o bullying acontece das 9h00 às 17h00 durante a semana e o cyberbullying são 24 horas por dia”.

O bullying é praticado de forma intencional e repetida por um intimidador que está em desigualdade de poderes perante um subjugado. No fórum subordinado ao tema “A Família e a Escola - Dificuldades Actuais”, a professora explicou que as primeiras manifestações de bullying surgem no 1º ciclo do ensino básico ao nível físico e verbal e atingem o pico no 3º ciclo com um carácter relacional. No ensino secundário o bullying é essencialmente sexual e com recurso às novas tecnologias. “O facto de os agressores não estarem ao pé da vítima no cyberbullying faz aumentar a agressão porque não existe um feedback tangível”, enfatiza Sónia Seixas.

Usar senhas seguras, alterar o nome de utilizador e a palavra-passe original de uma rede de Internet e terminar sessão em todas as ligações são para o professor da ESES e membro da equipa SeguraNet, João Galego, pequenos gestos que podem fazer uma grande diferença. “Segurança digital - Aprender, partilhar, comunicar em segurança” foi o tema abordado pelo professor que referiu alguns exemplos de fraude electrónica como e-mails simulando páginas de bancos para acesso a dados pessoais ou publicidade de ofertas que pedem o número de telefone para chamadas de valor acrescentado. Para pagamentos online, João Galego recomendou a criação de cartões fictícios no MBNet. “Tal como navegar no mar, navegar na Internet acarreta sempre riscos”, realçou.

Perturbações do desenvolvimento, a importância do psicólogo em contexto escolar e o futuro das famílias numerosas foram outros dos temas em análise ao longo dos dois dias de fórum marcados por uma sessão de yoga do riso e uma homenagem aos funcionários reformados pelo serviço de educação da Câmara de Coruche e docentes do Agrupamento de Escolas de Coruche.
Fonte: O MIRANTE.

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