Ações fazem parte do calendário de atividades do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PJCE), da Esmal, e serão realizadas entre os dias 6 e 9 deste mês
Dicom - TJ/AL
Fonte: Tribuna de Hoje
Alunos da turma do 5º ano da Escola Municipal Frei Damião e do 4º e do 5º ano da Escola Paulo Henrique Costa Bandeira, ambas localizadas no bairro do Benedito Bentes, assistiram a palestras sobre bullying e violência na escola nesta segunda-feira (6). A ação faz parte das atividades elaboradas pelo Programa Justiça e Cidadania na Escola (PCJE) da Escola Superior da Magistratura (Esmal) em alusão ao dia 07 de abril, Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola.
Pela manhã, a psicopedagoga Zirleide Moura abordou o assunto com cerca de 40 crianças da Escola Frei Damião. Durante a tarde, o magistrado titular do 1º Juizado da Infância e da Juventude da Capital, Ney Alcântara, palestrou para cerca de 150 alunos da Escola Paulo Bandeira. Ainda serão realizadas palestras em mais três escolas da rede pública até quarta-feira (8). Na quinta-feira (9), será exibido um filme sobre o tema na sede da Esmal para todos os alunos.
De acordo com Zirleide Moura, psicopedagoga voluntária no PJCE, a iniciativa é de grande importância para a formação dos estudantes. “Apresentamos para crianças de 7 a 14 anos o real significado do bullying e como este distúrbio influência nas ações futuras de cada jovem. Além disso, tivemos a oportunidade de sensibilizar essas crianças e adolescentes a pensar em uma cultura de paz e transformá-los em cidadãos não violentos”, explicou.
A estudante Lavínia Emily Bemvindo, de 9 anos, relatou que a palestra a ensinou que machucar os amigos não é normal. “Sofri muito bullying na minha antiga escola. Era chamada de baleia encalhada, botijão de gás e me sentia muito triste. Toda manhã eu sofria e a professora pedia para eu revidar, mas eu não fazia isso. Se eu revidasse estaria machucando meu colega também”, desabafou.
Já o estudante João Pedro, da Escola Paulo Bandeira, de 11 anos, disse que a palestra foi bastante produtiva e afirmou que a partir de agora vai se esforçar para não desrespeitar as pessoas. “ Eu aprendi que não posso bater nos meus colegas de escolas e que jamais tenho o direito de esculhambar ninguém”, revelou o garoto.
O PJCE faz parte da Coordenação de Projeto Especiais da Esmal e tem como coordenador o magistrado André Avancini D'Ávila.
Principais dúvidas
É provável que todos nós, em alguma fase da vida, tenha praticado ou sofrido Bullying de alguma forma. O crime é mais comum do que se imagina e vitimiza pessoas de todas as idades na escola, no trabalho e até mesmo dentro de casa. Afinal, quem nunca presenciou um amigo sendo ofendido por causa de sua magreza ou excesso de peso ou até mesmo chamou um amigo de “burro” só porque ele teve dificuldade no desempenho de alguma tarefa?
As crianças receberam as orientações dos palestrantes e quem pediu esclarecimento sobre a prática do bullying foi premiado com uma camisa do PJCE. Entre as principais perguntas da garotada estavam “um adulto que chama uma criança de burra pratica bullying?”, “é correto zoar um coleguinha só porque ele tem um nome fora do comum?”, “riscar o caderno do companheiro de classe é crime?”
Para o Juiz Ney Alcântara, o evento é uma forma de conscientizar as crianças de que o bullying não é apenas uma zoação com o colega. “Como há um aumento considerável do bullying nas escolas, é necessário mostrar para as crianças que a prática é considerada crime e que elas podem ser penalizadas pelos danos causados às vítimas, sejam eles morais ou físicos. Destacamos também que o bullying pode causar prejuízos irreparáveis, como a morte de alguém”, disse o magistrado.
De acordo com o palestrante, a ação da Esmal também tem a função de restabelecer a relação do Poder Judiciário com a população. “A sociedade necessita da reaproximação da Justiça, que se manteve afastada dos cidadãos durante anos. Esta visão atual de interatividade responde a demanda de uma população que sofre com uma série de problemas. Essas crianças precisam saber que podem contar com a Justiça, e que também devem despeitá-la”, destacou.
Ainda segundo o juiz, brincadeiras e apelidos pejorativos dentro de casa também são considerados bullying e que as vítimas ou seus representantes, no caso de menores, podem pedir ajuda ao conselhos tutelares e Ministério Público.
Judiciário mais perto da sociedade
Ana Valéria Pitta, integrante do PJCE, ressaltou a relevância de abordar o tema com as crianças e de aproximar o Poder Judiciário da comunidade. “Nesta data tão importante para a promoção de uma cultura de paz, estamos buscando levar cidadania através da informação, contribuindo para uma melhor formação dos alunos de cada escola contemplada”, disse.
De acordo com a diretora da escola Paulo Bandeira, Shirley Chrstine, a ação do Judiciário alagoano é de extrema importância para a formação dos estudantes, já que discutiu sobre experiências que eles vivenciam no dia a dia.
“A iniciativa da Justiça é maravilhosa, pois mostrou aos alunos que a prática do bullying é mais comum do que eles imaginam. Agora eles sabem que colocar o pé para o colega cair ou até mesmo utilizar apelidos pejorativos são práticas criminosas. Tenho certeza que esse conhecimento vai melhorar o comportamento dessas crianças aqui na escola e em todos os lugares aonde elas forem”, destacou a educadora.
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