terça-feira, 21 de abril de 2015

Índio mirim de 'O rei do gado' trabalha como DJ em Brasília

Aos 27 anos, Pedro Oliveira relembra as gravações da novela, na qual viveu Rafael, o Uerê, e diz que sofria bullying na escola.


Jonathan Pereirado EGO, em São Paulo
Pedro oliveira - Antes e Depois (Foto: CEDOC/TV Globo - Instagram / Reprodução)Pedro Oliveira como o índio Rafael, o 'Uerê', e atualmente, aos 27 anos (Foto: CEDOC/TV Globo - Instagram / Reprodução)
 Quem assiste à novela "O rei do gado" todas as tardes no "Vale a pena ver de novo" já começou a notar que um menino vem roubando a cena desde o começo do mês. Pedro Gabriel, que hoje assina Pedro Oliveira, tinha 8 anos quando foi escolhido para viver o índio Rafael, filho de Zé do Araguaia (Stênio Garcia), que se destacava com o bordão "Uerê quer voar!" na trama exibida em 1996.
Pedro Oliveira e Stenio Garcia (Foto: CEDOC/TV Globo)Pedro com Stenio Garcia, que interpretava seu
pai, Zé do Araguaia (Foto: CEDOC/TV Globo)
Atualmente com 27 anos, ele deixou a carreira de ator para se dedicar à de produtor cultural e DJ em Brasília, mas vem sentindo novamente o assédio por conta da reprise. Pedro bateu um papo com o EGO e contou como foi escolhido para o papel, as lembranças que tem das gravações e os caminhos que a vida tomou desde então.
Novela
Filho dos atores teatrais José Regino e Débora Aquino, ele só foi ter sua primeira experiência cênica com a novela. "A Globo ligava para o meu pai sempre que precisava de crianças e adolescentes para testes. Só que nessa ocasião ele estava no exterior, uma tia atendeu e me sugeriu, por conta das características físicas do personagem. Eu não tinha experiência nenhuma, fiz o teste e passei".
Ele conta que não tinha problema em ficar sem camisa e gravar no rio Araguaia. "Perguntaram se eu tinha medo do mato ou de andar de canoa. Eu adorava, podia fazer o que a maioria das crianças não podia! Lembro bem pouco, mas foi uma experiência bem marcante e natural. Todo mundo me tratava como se eu fosse experiente, mas para mim parecia tudo uma grande brincadeira", conta.
Pedro Oliveira  (Foto: Reprodução / Facebook)Ele é DJ em Brasília (Foto:Reprodução/Facebook)
A frequência na escola foi alterada por conta das gravações. "Tinha uma rotina diferenciada, chegava mais tarde, depois que a maioria tinha entrado, e saía mais cedo para evitar tumulto. Mas era bastante zoado por conta do bordão ('Uerê quer voar'), quando ninguém sabia o que era bullying", lembra.
Pedro recorda que chegou a participar de rituais indígenas durante a trama. "Passei alguns dias com os Xavantes e fui batizado. Mas a minha ascendência é Terena", explica. E diz que se machucou durante uma sequência. "Teve uma cena que eu corria para o meio do mato, só que estava cheio de espinhos. Depois ficou a maquiadora e a minha mãe tirando os espinhos do meu pé".
Fora da TV
A trama de Benedito Ruy Barbosa foi seu único trabalho na TV.  "Fiz propagandas em Brasília até os 14 anos e um documentário sobre a vida de Athos Bulcão. Recebi alguns convites da Globo mas não topei, não era a minha praia e não penso em voltar a atuar. Recebo uma enxurrada de mensagens nas redes sociais, mais ainda agora do que quando reprisou em 2011 no canal Viva, e sempre que posso revejo a novela", conta.
Pedro e Bete Mendes (Foto: CEDOC/TV Globo)Contracenando com Bete Mendes, a Donana da
trama exibida em 1996 (Foto: CEDOC/TV Globo)
De lá para cá, ele se dedicou a outros caminhos. "Trabalhei com meus pais fazendo a técnica e trilha sonora de espetáculos, sou formado em gastronomia e cheguei a ser chef de um restaurante, onde trabalhei por dois anos e meio. Hoje trabalho com produção de eventos e de teatro, tenho um estúdio e sou DJ", diz Pedro, que adota o nome DJ Torch para animar as baladas - seu próximo compromisso é quinta-feira, 30, na festa "Drop it Like it's Hot", no clube Ascade

Recordações
Pedro diz que, após o fim de 'O rei do gado', chegou a manter contato com alguns atores. "Troquei cartas durante alguns anos com o Stênio Garcia e a Bete Mendes, mas atualmente não tenho falado com ninguém do elenco". No Dia do Índio, comemorado neste domingo, 19, ele acredita que a presença indígena na dramaturgia poderia ser maior. "Essa novela passou uma mensagem verídica, mas o índio ainda aparece pouco na TV e de forma caricata. Falta dar mais espaço a essa etnia", avalia.

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