Massacre completa quatro anos e ONG trabalha para que ele não se repita. Ao G1, mãe de uma das vítimas relata a dificuldade para superar a perda.
Cristina BoeckelDo G1 Rio
Quatro anos após a chacina que vitimou a sua filha Luiza Paula na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio, Adriana Silveira tenta amenizar a dor da perda lutando contra a violência. Por meio da ONG Anjos de Realengo, ela se uniu às famílias das outras crianças e adolescentes mortos no massacre. O grupo tem como principal bandeira a luta contra o bullying - suposta motivação do autor do atentado.
A data em que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, matou a tiros os 12 alunos da escola se tornou o Dia Nacional de Combate ao Bullying. Ele era ex-aluno da escola e teria sido vítima de bullying por lá. Armado com dois revólveres, ele entrou no prédio, naquela manhã de 7 de abril de 2011, dizendo que daria uma palestra e abriu fogo contra os alunos. Dos 12 mortos, apenas dois eram meninos. Uma carta encontrada com ele, que se suicidou após a chegada da polícia ao prédio, indicava que o crime havia sido premeditado.
A data em que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, matou a tiros os 12 alunos da escola se tornou o Dia Nacional de Combate ao Bullying. Ele era ex-aluno da escola e teria sido vítima de bullying por lá. Armado com dois revólveres, ele entrou no prédio, naquela manhã de 7 de abril de 2011, dizendo que daria uma palestra e abriu fogo contra os alunos. Dos 12 mortos, apenas dois eram meninos. Uma carta encontrada com ele, que se suicidou após a chegada da polícia ao prédio, indicava que o crime havia sido premeditado.
No dia do massacre, Adriana Silveira deixou a filha Luiza Paula, de 14 anos, ir sozinha para a escola. Ela estava atrasada e aquele seria o último dia da jovem na Tasso da Silveira. A mãe acertaria os últimos detalhes da transferência da adolescente para outra instituição de ensino. Pouco tempo depois, Adriana foi atrás da filha e foi surpreendida pela tragédia.
“Eu estava indo pelo caminho, na rua, e vi helicópteros e muito movimento. Passou um amigo de moto e eu perguntei o que estava acontecendo. Ele perguntou se eu não sabia, eu disse que não. Ele disse que um louco entrou na escola e saiu atirando em todas as crianças.”
“Eu estava indo pelo caminho, na rua, e vi helicópteros e muito movimento. Passou um amigo de moto e eu perguntei o que estava acontecendo. Ele perguntou se eu não sabia, eu disse que não. Ele disse que um louco entrou na escola e saiu atirando em todas as crianças.”
(Veja ao lado a reportagem sobre o caso que foi ao ar no Jornal Nacional)
Além de Luiza, Adriana tem um filho mais velho, que atualmente tem 21 anos. Mas, desde o dia da tragédia até este quarto aniversário, ela vive uma rotina de superação. “A gente tem que aprender a viver novamente. Depois da perda de um filho você não é mais a mesma pessoa. São altos e baixos, mas eu tenho que aprender a conviver. É uma luta constante. Só que hoje é por ela que eu vivo. Para que a história do que aconteceu com ela e com as demais crianças não seja em vão”.
Uma das maneiras que Adriana encontrou para superar a dor sem a filha caçula foi a luta. Ao lado de outros familiares de vítimas da tragédia, ela ajudou a fundar a “Associação dos Anjos de Realengo”. Juntos, promovem ações em escolas alertando contra o bullying e a violência nas escolas. É uma tentativa de evitar que a tragédia que atingiu seus filhos se repita.
“É preciso um trabalho de prevenção contra o bullying para que nada disso venha a acontecer novamente, porque este mal pode acabar com a vida de outras pessoas”, conta Adriana.
A presença de Luiza em fotografias dá força para a mãe. Por isso, ela faz questão de manter a imagem da menina sempre perto de si. “Tenho fotos em todos os lugares. Eu deixo a casa como sempre foi. Tem também objetos dela. Eu gosto de levantar todo dia e ver as coisas dela, para ter a certeza de que tudo não acabou. Mas eu tento deixar dentro de mim o melhor dela, guardar isso na minha memória. Porque ainda me assombra pensar que ela não está mais aqui”.
Mãe não perdoa assassino
Quando questionada sobre o algoz de sua filha, Wellington, Adriana não cita o nome dele. Ela confessa não ser capaz de falar em perdão.
Quando questionada sobre o algoz de sua filha, Wellington, Adriana não cita o nome dele. Ela confessa não ser capaz de falar em perdão.
“Como eu vou perdoá-lo? Eu não sinto nada por ele. Mas ao lembrar o que aconteceu, o dano que ele causou a mim e a minha família, a perda, eu não tenho como perdoar essa pessoa. Eu não tenho como perdoar alguém que roubou os sonhos da minha filha. Quando ele tirou a vida dela, ele tirou a minha felicidade, a minha paz, os nossos projetos de vida e nossos sonhos. Eu não tenho como falar em perdão sobre alguém que me causou tanto mal”, desabafa Adriana.
Para marcar os quatro anos da chacina, Adriana e outros parentes das crianças e adolescentes mortas participarão de uma série de eventos. Às 9h30 desta terça-feira, será celebrada uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Realengo. Depois, todos caminharão em direção à Escola Tasso da Silveira. Lá, acontecerá uma ação em prol da importância da doação de sangue e outra sobre o desarmamento. Os Anjos de Realengo pedem que todos usem roupas brancas ou claras e levem um quilo de alimento não-perecível para doação.
À tarde, o grupo irá ao Cristo Redentor, onde será lançado o Concurso de Redação, Frases e Desenhos Anti-Bullying. Às 18h, o monumento será iluminado pela cor branca, para lembrar a importância do combate a este tipo de violência entre crianças e adolescentes.
À tarde, o grupo irá ao Cristo Redentor, onde será lançado o Concurso de Redação, Frases e Desenhos Anti-Bullying. Às 18h, o monumento será iluminado pela cor branca, para lembrar a importância do combate a este tipo de violência entre crianças e adolescentes.
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