Moyses Moreira Lopes
Quando
entrei, eles estavam discutindo, enquanto os outros alunos escutavam,
atiçando. Carlos, que era o menor, estava com o cenho fechado. William
falava alto com ar de superioridade. Descendia dos anglos. Carlos era
moreno-claro, cabelos lisos, olhos amendoados, descendente dos bravos
tupis. Procurei saber a razão da discussão. Carlos, choramingando, disse
que o William falara para todo mundo que o seu pai era coveiro.
- Meu pai não é coveiro, mas sepultador, disse o menino com raiva, franzindo a testa.
Todos riram. Eu contive. Os colegas não viam diferença, assim como eu. Consegui acalmá-los, apelando para a Bíblia Sagrada.
Vi
muitas brigas na escola. No final de semestre elas se multiplicavam.
Alunos enfrentavam os professores e não permitiam nem um abraço do
conciliador e diziam logo:- Não coloque o braço nas minhas costas.
Um
aluno, certa vez, jogou-se na frente do carro do professor,
acavalando-se no capô. Queria um conceito maior e não se contentara,
recebendo um vermelho na sua avaliação. Os professores não sabiam a
diferença entre conceito e nota e logo fizeram a correspondência e não
havia autoridade escolar que conseguisse inculcar na mente dos
professores. A professora Elza saiu da reunião, batendo os pés,
sobraçando uma dúzia de livros. Ela era livresca. Coitada! já morreu. Os
alunos brigavam por causa do conceito.
Um
aluno levara na mochila um revólver e exibia para os seus colegas às
escondidas, abrindo e fechando o alforje. Avisei as autoridades
escolares. Tomaram providência.
Tudo
isso presenciei em escola do Estado e do Município de São Paulo. Sou
aposentado nas duas esferas. Com o tempo as brigas foram se tornando
mais graves e a Polícia Militar era chamada, uma vez que os professores
tinham medo de enfrentar os alunos. Surgiu a ronda escolar e o soldado,
ou, às vezes, o sargento era condecorado com o título de Juiz de Paz.
Brigavam os alunos, brigavam os pais, discutiam os professores e a
direção com ambos. Só o militar, calmamente, com voz pausada, conseguia
manter a ordem: era o psicólogo e pedagogo da escola.
Vi
muitos pais jovens dizendo que eles tinham sido reprimidos na infância e
não queriam que seus filhos tivessem o mesmo destino. Criavam,
dando-lhes tudo, sem exigirem regras educativas. Só conversavam com os
filhos e, como eram cristãos, mas não tinham a Bíblia como única regra
de fé e prática, desconheciam o preceito: -“Instrui ao menino no caminho
em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará
dele.”(Provérbios 22:6)
Quando entrei, eles estavam discutindo, enquanto os outros alunos
escutavam, atiçando. Carlos, que era o menor, estava com o cenho
fechado. William falava alto com ar de superioridade. Descendia dos
anglos. Carlos era moreno-claro, cabelos lisos, olhos amendoados,
descendente dos bravos tupis. Procurei saber a razão da discussão.
Carlos, choramingando, disse que o William falara para todo mundo que o
seu pai era coveiro.
- Meu pai não é coveiro, mas sepultador, disse o menino com raiva, franzindo a testa.
Todos riram. Eu contive. Os colegas não viam diferença, assim como eu. Consegui acalmá-los, apelando para a Bíblia Sagrada.
Vi muitas brigas na escola. No final de semestre elas se
multiplicavam. Alunos enfrentavam os professores e não permitiam nem um
abraço do conciliador e diziam logo:- Não coloque o braço nas minhas
costas.
Um aluno, certa vez, jogou-se na frente do carro do professor,
acavalando-se no capô. Queria um conceito maior e não se contentara,
recebendo um vermelho na sua avaliação. Os professores não sabiam a
diferença entre conceito e nota e logo fizeram a correspondência e não
havia autoridade escolar que conseguisse inculcar na mente dos
professores. A professora Elza saiu da reunião, batendo os pés,
sobraçando uma dúzia de livros. Ela era livresca. Coitada! já morreu. Os
alunos brigavam por causa do conceito.
Um aluno levara na mochila um revólver e exibia para os seus colegas
às escondidas, abrindo e fechando o alforje. Avisei as autoridades
escolares. Tomaram providência.
Tudo isso presenciei em escola do Estado e do Município de São Paulo.
Sou aposentado nas duas esferas. Com o tempo as brigas foram se
tornando mais graves e a Polícia Militar era chamada, uma vez que os
professores tinham medo de enfrentar os alunos. Surgiu a ronda escolar e
o soldado, ou, às vezes, o sargento era condecorado com o título de
Juiz de Paz. Brigavam os alunos, brigavam os pais, discutiam os
professores e a direção com ambos. Só o militar, calmamente, com voz
pausada, conseguia manter a ordem: era o psicólogo e pedagogo da escola.
Vi muitos pais jovens dizendo que eles tinham sido reprimidos na
infância e não queriam que seus filhos tivessem o mesmo destino.
Criavam, dando-lhes tudo, sem exigirem regras educativas. Só conversavam
com os filhos e, como eram cristãos, mas não tinham a Bíblia como única
regra de fé e prática, desconheciam o preceito: -“Instrui ao menino no
caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará
dele.”(Provérbios 22:6)
Fonte: Correio de Itapetininga
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