O assunto foi trazido para a ordem do dia pelo caso de Leandro, o menino de 12 anos de Mirandela que se atirou ao rio Tua na passada terça-feira, existindo fortes indícios de ter sido vítima de violência física e psicológica continuada no tempo (bullying) por parte dos seus colegas. O menor continua desaparecido, mesmo depois de terem sido reforçados os meios de busca.
Ninguém garante que houve relação directa entre as agressões a que era sujeito e o acto que praticou, mas Manuela Santos, coordenadora do Programa de Saúde Escolar de Bragança, não tem dúvidas de que a violência a que algumas crianças são sujeitas pode provocar grandes transtornos de personalidade. "O mais comum é que se tornem pessoas com fraca auto-estima, depressivas, que não acreditam em si nem nos outros."
No ano lectivo 2008/09, por iniciativa da Sub-Região de Saúde de Bragança, foi realizado um inquérito aos alunos dos 1.º e 2.º ciclos de todas as escolas do distrito - 12,2 por cento responderam ter sido vítimas de violência três ou mais vezes. Os rapazes são mais sujeitos a violência física e nas raparigas emerge sobretudo a violência psicológica, conclui o mesmo estudo. O projecto prevê que se tracem programas de intervenção para controlar o problema e que, posteriormente, se repitam os inquéritos para aferir os resultados. O agrupamento de escolas de Miranda do Douro já tem um plano em curso, coordenado pela professora responsável pelo Clube da Saúde, que reforçou as iniciativas de sensibilização, criou um gabinete de apoio aos alunos e motivou os membros do clube a combater as situações de violência que possam surgir.
Ontem, empunhando folhas A4 onde se lia "Pelo Leandro, pela Justiça", uma dezena de mães de alunos que também frequentam a Escola Luciano Cordeiro, em Mirandela, manifestaram solidariedade à família do menino desaparecido, denunciando outros casos de violência. "A minha filha já foi agredida dentro da sala de aula e apresentei uma queixa por escrito na escola e nada aconteceu", disse a porta-voz do grupo, Cecília Ferreira.
As buscas vão continuar "até haver resultados", garantiu entretanto fonte do gabinete do governador civil de Bragança, embora possam hoje ser condicionadas pelo mau tempo. Ontem estiveram envolvidos nas operações uma centena de homens, apoiados por 20 viaturas, dois barcos e um helicóptero.
Fonte: Público de Portugal
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