Yaçanã Neponucena - Repórter
Melhorias significativas nas relações sociais são registradas nos bairros por onde o programa da Polícia já passou
A frequência da violência verbalizada e física que atualmente ocorre nas
escolas das redes públicas e privadas da região do Cariri levou o
Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) a
incluir em suas atividades a missão de também prevenir o bullying.
Militares
levam para os estudantes informações essenciais para que o uso das
drogas seja combatido de forma consciente por toda a vida Foto: Yaçanã
Neponucena
Ao todo, apenas em 2012, 9.936 estudantes
receberam orientações e formação educacional relacionada a esta questão,
assim como sobre o uso de substâncias químicas, do tabagismo, do álcool
e até como enfrentar a opressão social. A meta é criar um elo de
confiança e afetividade entre a Polícia e a comunidade estudantil. A
expectativa é que, no próximo ano, os números sejam ampliados.
No
Cariri, 16 municípios e 100 escolas são contempladas pelo Proerd, que
funciona através de parcerias entre as instituições de ensino, Polícia
Militar e famílias com filhos jovens. Nas salas de aulas, durante um
semestre letivo, um educador social, que é policial militar, devidamente
preparado nas áreas pedagógica e didática, ministra as missões. Ao
final do período, os alunos recebem um certificado atestando que estão
protegidos contra os riscos provocados pela vulnerabilidade social.
Em
Juazeiro do Norte, os bairros com cobertura pelo programa comunitário
são João Cabral, Salesianos, Vila São Francisco, Aeroporto, São Miguel,
Novo Juazeiro, Santa Tereza e Pirajá. O programa tem grande aceitação
por parte da população. De acordo com o especialista em prevenção às
drogas, sub- tenente Wlademir Carvalho, que também é instrutor do
Proerd, nestas comunidades são registrados avanços na boas práticas de
convivência entre pais e filhos, alunos e escolas e ambas com a Polícia
Militar.
“A gente realiza pesquisas para saber a qualidade da
relação das pessoas e a profundidade do projeto. Constatamos que existem
melhorias significativas nas relações”, revela.
O perfil da
maioria dos alunos do Proerd é formado por filhos de trabalhadores
assalariados, jovens com carência afetiva e material que refletem na
formação adulta. O programa tenta suprir essas necessidades através do
contato coletivo e da atenção, carinho, confiança e intimidade entre os
entes envolvidos.
Para que o Proerd seja implantado nas cidades é
preciso que os gestores públicos dos municípios o aprovem. No Crato e
Juazeiro do Norte, a medida tornou-se obrigatória como parte do
currículo escolar e foi regulamentada por meio da aprovação de
legislações municipais.
Apesar do avanços, até o momento, a
região ainda não dispõe de pesquisas epidemiológi-cas sobre bullying,
pedofilia, violência no trânsito envolvendo crianças e adolescentes e
uso de bebida alcoólica. Por isso, as políticas de enfrentamento a esses
problemas sociais ainda são consideradas insuficientes.
No Estado
do Ceará, atualmente, o Proerd está sendo desenvolvido pelo Batalhão de
Polícia Comunitária. No Cariri, o programa é de responsabilidade da 1ª
Companhia do 5º BPCom e foi implantado ainda em 2002.
Nos últimos
dez anos, quatro novos municípios formaram parcerias com a Polícia e
beneficiaram as comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade. O
projeto direciona as atividades, principalmente, para as escolas
públicas situadas em bairros com índices de violência elevados, altos
números de apreensões de drogas e prisão de traficantes. Através da
educação são aplicadas as medidas repressivas e preventivas.
No
momento, no relacionamento com as famílias, 11 educadores sociais
repassam informações sobre como detectar se os jovens estão envolvidos
com drogas ou em atos de violência, como encaminhar um ente querido aos
programas disponibilizados pela rede de assistência social do governo e
até sobre a resolução de conflitos nos âmbitos familiar e comunitário,
além de orientações relacionadas a saúde física, individual e coletiva, e
também cuidados com o meio ambiente.
Segundo o especialista
Wlademir Carvalho, geralmente, as pessoas que têm envolvimento com
drogas sofrem algum tipo de desajuste biopsicossocial.
Ele diz que é preciso haver uma rede de acolhimento, tratamento e reinserção social para este grupo de pessoas.
De
acordo com o especialista, atualmente, o maior problema está
relacionado ao consumo de álcool, seguido pelo tabagismo e uso de
medicamentos controlados. Já o crack recebe maior cobertura e é a
preocupação dos órgãos governamentais de saúde devido ao aumento da
oferta e demanda da substância.
O preço e a acessibilidade dessa
droga vêm causando um desequilíbrio nas relações familiares e sociais. O
custo de tudo isso recai sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Daí o
problema das drogas ser de responsabilidade de toda a sociedade.
Mais informações
5º Batalhão de Polícia Comunitária
Avenida Castelo Branco, 34
Bairro Romeirão
Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 3571.2058
Fonte: Diário do Noroeste
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