segunda-feira, 12 de julho de 2010

Reflexões sobre o bullying

Um dos temas mais discutidos em nossa sociedade, atualmente, diz respeito à prática de intimidação e perseguição realizada por um grupo de pessoas, contra uma outra pessoa, em geral sozinha e indefesa. Há uma série de estudos desenvolvidos pelo mundo todo acerca do que tem sido denominado o fenômeno bullying.

Muito interessante perceber que o tal fenômeno vem ganhando repercussão na medida em que envolve diretamente a convivência escolar das crianças e adolescentes. Afirma-se que sua maior freqüência ocorre entre os meninos de 11 a 15 anos, não desprezando uma alta incidência entre as meninas também. São situações típicas e comuns, nas quais as humilhações, sutis, são encaradas como brincadeiras e não como agressões.

Apelidos, fofocas, e-mails, fotos em celulares e até violência física são formas de praticar o bullying, gerando constrangimento, vergonha, culpa e medo na vítima, uma pessoa como outra qualquer, que é considerada diferente pelos seus agressores. Seja pelo tom da voz, seja por uma característica física, seja pelas roupas usadas, por um alto ou baixo rendimento escolar, determinados adolescentes são de fato perseguidos por grupos de colegas na convivência diária.

No entanto, esta situação vem sendo apresentada equivocadamente como uma questão da infância e da juventude, quando na realidade é somente um espelho do mundo adulto, da intolerância que temos uns com os outros, da ausência de compreensão e respeito entre nós, da feroz competitividade com a qual nos armamos nos dias de hoje. Basta observarmos, por exemplo, uma festa em que se reúnem grupos de homens e mulheres: sobre o que eles falam e de que maneira? Como os homens, especialmente, costumam se comunicar? Será que nossas crianças não estão testemunhando e apreendendo as brincadeiras entre os adultos, por vezes carregadas de preconceitos?

É evidente que chamar a atenção para o bullying tem diversos méritos, dentre eles a possibilidade de começar a entender alguns dos motivos que podem levar uma criança a não querer ir à escola. Muitos meninos adolescentes, rotulados de homossexuais, da rede pública e privada de ensino, abandonam os estudos porque são perseguidos e sofrem, desenvolvendo fobias e outras síndromes. Pois bem, uma nova concepção se anuncia, de que todos são responsáveis pela evasão destes estudantes, não apenas ele mesmo ou seus próprios pais, como é de praxe avaliar.

Por Andrea R. Martins Corrêa - psicóloga/Psicoterapeuta - www.recriandovinculos.blogspot.com

Fonte: Gazeta de Piracicaba

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