Segundo o mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência, Caio Feijó, a prática do bullying está diretamente ligada a falhas na educação social, primordialmente, papel dos pais. Mas como eles estão cada vez mais ausentes da vida dos filhos, em muitos casos, essa tarefa tem sido delegada às escolas. As instituições que passaram a integrar psicólogos e assistentes sociais às equipes, além de capacitar melhor o seu corpo docente, conseguiram diminuir, substancialmente, o número de casos de bullying.
BullyIng, uma palavra moderna para um tema antigo. Preconceito, coerção, ameaça, agressão verbal e física, é coisa do século XXI? Quem de nós, adultos, passou pelo universo escolar sem ter sofrido ou presenciado gozações ou apelidos maldosos? Provavelmente, ninguém! O que temos são novas formas de agressão. O bullying é um comportamento anti-social que sempre existiu e, infelizmente, existirá também no futuro.
De acordo com pesquisa recém divulgada pelo IBGE, três em cada dez estudantes já foram vítimas de bullying nas escolas brasileiras, em especial, os da rede privada, onde 35,9% dos alunos se sentiram humilhados por provocações de colegas. Nas escolas públicas, o índice é um pouco menor, 29,5%.
O mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência e especialista em Psicologia Clínica para jovens, adultos e famílias, Caio Feijó, explica que muitas crianças e adolescentes não têm mais recebido dos pais as devidas informações e referências importantes para sua formação, como os valores. Ou captam dos seus cuidadores (babás) ou buscam na internet (Google e sites de relacionamento como Orkut) e nos programas de TV. Os pais têm consciência desse comportamento e acabam desenvolvendo um forte sentimento de culpa e insegurança.
Como saída, afirma o especialista, os pais apelam à escola e, sistematicamente, "depositam" os seus filhos lá, na esperança de que ela possa lhes substituir e salvá-los. Recente pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD concluiu que, 25% dos pais atribuem à escola a responsabilidade da educação integral dos seus filhos.
Mas Feijó alerta que, o maior problema está no fato de que estes jovens não terão na escola de hoje o suporte necessário para substituir o papel de pais e mães.
"A função primordial da escola é a educação pedagógica, os professores são preparados para esta atividade. A educação social é obrigação dos pais. É em casa, junto à família que o filho deveria passar a maior parte da sua primeira infância (até os 5 ou 6 anos), pois é nesse período que a personalidade dele será construída. Também é nesse período que a modelação tem determinante efeito sobre o seu desenvolvimento, e é também na primeira infância que eles necessitam de afeto, limite e da nossa participação ativa em suas vidas de forma muito mais consistente e responsável, assim, aprenderão a conviver com as diversidades", ressalta.
Como os pais estão cada vez mais ausentes na educação social dos filhos, algumas instituições escolares passaram a integrar psicólogos e assistentes sociais às suas equipes. O resultado, segundo Feijó: conseguiram diminuir, substancialmente, o número de casos de bullying.
"Muitas escolas têm recebido alunos filhos de pais ausentes, até mesmo para período integral, como forma de solução do impasse. Àquelas que se prepararam contratando especialistas e capacitando seu corpo docente estão se dando muito bem. Além de ampliarem o número de matrículas, puderam até melhorar o valor das mensalidades, e diminuíram a incidência do bullying. No entanto, outras tantas não. Algumas são, realmente, depósitos de crianças, na maioria das vezes filhos de pais sem condições financeiras para investir numa boa escola, conduzidas por educadores pedagógicos sem tato para assumir tamanha responsabilidade", reforça.
Um bom exemplo, conta Feijó, é o Colégio São Bento, no Rio de Janeiro-RJ. Ainda que uma das maiores mensalidades do Brasil, têm suas vagas completamente ocupadas, lista de espera para novas matrículas e índices de bullying quase que zero.
"Nas escolas que se modernizaram a esse ponto, os alunos são envolvidos num programa de dinâmicas de grupo sobre valores (respeito, cidadania, justiça, consenso, moral e ética, entre outros) desde o ensino infantil até o ensino médio. Quem coordena as dinâmicas em sala de aula são os próprios professores (capacitados por especialistas) utilizando alguns minutos semanais das aulas. Nessas classes, cada vez que um professor percebe qualquer expressão de bullying, por menor que seja, ele interrompe a aula e pratica uma dinâmica sobre respeito, por exemplo, cortando o mal pela raiz. Em seguida, faz um comunicado aos pais dos alunos envolvidos, pedindo apoio e supervisão do comportamento dos filhos em casa", conta o especialista.
Questionado se com essas medidas o bullying pode acabar, Caio Feijó, confessa que não, pois, segundo ele, ?vivemos em uma sociedade coercitiva e as múltiplas influências sociais podem nos modelar para o desenvolvimento de comportamentos indesejáveis?.
Mas a boa notícia, no entanto, na avaliação de Feijó, é que podemos obter excepcionais resultados na escola e em casa preparando os filhos e alunos para aprender a conviver com essa forma de agressão, sem que para isso tenham que sofrer. "Ambientes onde prevalece a presença de indivíduos ajustados socialmente têm maior probabilidade de equilíbrio na harmonia entre as pessoas, por causa do poder de multiplicadores que eles possuem", conclui.
Fonte: Olhar Direto
BullyIng, uma palavra moderna para um tema antigo. Preconceito, coerção, ameaça, agressão verbal e física, é coisa do século XXI? Quem de nós, adultos, passou pelo universo escolar sem ter sofrido ou presenciado gozações ou apelidos maldosos? Provavelmente, ninguém! O que temos são novas formas de agressão. O bullying é um comportamento anti-social que sempre existiu e, infelizmente, existirá também no futuro.
De acordo com pesquisa recém divulgada pelo IBGE, três em cada dez estudantes já foram vítimas de bullying nas escolas brasileiras, em especial, os da rede privada, onde 35,9% dos alunos se sentiram humilhados por provocações de colegas. Nas escolas públicas, o índice é um pouco menor, 29,5%.
O mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência e especialista em Psicologia Clínica para jovens, adultos e famílias, Caio Feijó, explica que muitas crianças e adolescentes não têm mais recebido dos pais as devidas informações e referências importantes para sua formação, como os valores. Ou captam dos seus cuidadores (babás) ou buscam na internet (Google e sites de relacionamento como Orkut) e nos programas de TV. Os pais têm consciência desse comportamento e acabam desenvolvendo um forte sentimento de culpa e insegurança.
Como saída, afirma o especialista, os pais apelam à escola e, sistematicamente, "depositam" os seus filhos lá, na esperança de que ela possa lhes substituir e salvá-los. Recente pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD concluiu que, 25% dos pais atribuem à escola a responsabilidade da educação integral dos seus filhos.
Mas Feijó alerta que, o maior problema está no fato de que estes jovens não terão na escola de hoje o suporte necessário para substituir o papel de pais e mães.
"A função primordial da escola é a educação pedagógica, os professores são preparados para esta atividade. A educação social é obrigação dos pais. É em casa, junto à família que o filho deveria passar a maior parte da sua primeira infância (até os 5 ou 6 anos), pois é nesse período que a personalidade dele será construída. Também é nesse período que a modelação tem determinante efeito sobre o seu desenvolvimento, e é também na primeira infância que eles necessitam de afeto, limite e da nossa participação ativa em suas vidas de forma muito mais consistente e responsável, assim, aprenderão a conviver com as diversidades", ressalta.
Como os pais estão cada vez mais ausentes na educação social dos filhos, algumas instituições escolares passaram a integrar psicólogos e assistentes sociais às suas equipes. O resultado, segundo Feijó: conseguiram diminuir, substancialmente, o número de casos de bullying.
"Muitas escolas têm recebido alunos filhos de pais ausentes, até mesmo para período integral, como forma de solução do impasse. Àquelas que se prepararam contratando especialistas e capacitando seu corpo docente estão se dando muito bem. Além de ampliarem o número de matrículas, puderam até melhorar o valor das mensalidades, e diminuíram a incidência do bullying. No entanto, outras tantas não. Algumas são, realmente, depósitos de crianças, na maioria das vezes filhos de pais sem condições financeiras para investir numa boa escola, conduzidas por educadores pedagógicos sem tato para assumir tamanha responsabilidade", reforça.
Um bom exemplo, conta Feijó, é o Colégio São Bento, no Rio de Janeiro-RJ. Ainda que uma das maiores mensalidades do Brasil, têm suas vagas completamente ocupadas, lista de espera para novas matrículas e índices de bullying quase que zero.
"Nas escolas que se modernizaram a esse ponto, os alunos são envolvidos num programa de dinâmicas de grupo sobre valores (respeito, cidadania, justiça, consenso, moral e ética, entre outros) desde o ensino infantil até o ensino médio. Quem coordena as dinâmicas em sala de aula são os próprios professores (capacitados por especialistas) utilizando alguns minutos semanais das aulas. Nessas classes, cada vez que um professor percebe qualquer expressão de bullying, por menor que seja, ele interrompe a aula e pratica uma dinâmica sobre respeito, por exemplo, cortando o mal pela raiz. Em seguida, faz um comunicado aos pais dos alunos envolvidos, pedindo apoio e supervisão do comportamento dos filhos em casa", conta o especialista.
Questionado se com essas medidas o bullying pode acabar, Caio Feijó, confessa que não, pois, segundo ele, ?vivemos em uma sociedade coercitiva e as múltiplas influências sociais podem nos modelar para o desenvolvimento de comportamentos indesejáveis?.
Mas a boa notícia, no entanto, na avaliação de Feijó, é que podemos obter excepcionais resultados na escola e em casa preparando os filhos e alunos para aprender a conviver com essa forma de agressão, sem que para isso tenham que sofrer. "Ambientes onde prevalece a presença de indivíduos ajustados socialmente têm maior probabilidade de equilíbrio na harmonia entre as pessoas, por causa do poder de multiplicadores que eles possuem", conclui.
Fonte: Olhar Direto
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