Decorreu no auditório da Expoeste, nas Caldas da Rainha, após uma primeira desmarcação, uma acção de debate sobre os comportamentos de bullying entre pares.
Nesta acção pretendeu-se dar a conhecer alguns comportamentos quer das vítimas, quer dos agressores, para que a comunidade possa responder e dar uma solução no sentido de prevenir novos casos.
O debate foi organizado pela Plio, uma empresa que tem sede no edifício da Expoeste e que possui uma estrutura ligada à formação.
“O bullying não é uma situação normal na adolescência e temos de lutar contra isso. Os conflitos até podem ser normais entre irmãos mas não entre pares”, declarou Sónia Seixas durante a sessão, onde estiveram presentes cerca de duas dezenas de interessados.
A oradora apresentou um estudo e concluiu que muitos dos agressores têm na sua relação o consumo de tabaco, álcool, níveis de popularidade medianos, e ao contrário as vítimas são pessoas com menor índice de popularidade e são rejeitados.
Dos sinais de alerta para os alunos agressores está a raiva descontrolada, já que se apresentam impulsivos, zangam-se facilmente e manifestam uma baixa tolerância à frustração. Podem ser obstinados, oposicionistas e provocadores com adultos, nomeadamente com pais e professores, desafiando a sua autoridade. São pouco empáticos com os colegas vitimizados e retiraram satisfação e prazer do medo e desconforto que lhes provocam. Podem envolver-se precocemente em comportamentos anti-sociais como vandalismos e roubos. Compram coisas ou têm coisas novas para as quais não teriam normalmente dinheiro suficiente. Culpam outras pessoas pelos seus problemas e recusam aceitar responsabilidades pelos seus comportamentos negativos e manifestam uma grande necessidade de dominar os outros.
Nos sinais de alerta das vítimas, há que verificar os livros, materiais escolares ou outros pertences que podem aparecer estragados ou escondidos. Ferimentos, cortes, arranhões, nódoas negras, rasgões ou outros danos na roupa. Frequentemente isolados ou excluídos do grupo de pares durante os intervalos e nas aulas serem os últimos a serem escolhidos nos jogos de equipas. Procuram a proximidade com o professor ou outros adultos durante os intervalos, o almoço ou tempos livres. Não costumam levar colegas da escola para casa, não passam tempo em casa de colegas e raramente recebem convites dos colegas para festas. Parecem receosos ou relutantes em ir para a escola de manhã e fazem queixas frequentes e repetidas dores de barriga ou de cabeça. Desmotivam-se do trabalho escolar, manifestam baixo interesse pela escola e diminuem o aproveitamento. Súbitas alterações de comportamento porque estão sempre tristes, apresentam enurese nocturna, tiques, problemas de sono, pesadelos, perdas de apetite, choro e gaguez.
“Não podemos estar à espera do insucesso das vítimas. São marcas para a vida se forem repetidamente vítimas nas escolas. Os sinais mais evidentes são as dores de barriga, as dores de cabeça, o não me apetece ir para a escola hoje, o beber o leite mais devagar, o retardar ir para a escola o mais possível. São estes alguns sintomas de alerta e que os pais devem ter em atenção”, disse Sónia Seixas.
A oradora alertou ainda os professores para o facto de também eles terem um papel preventivo neste domínio. O bullying acaba por surgir, porque hoje não há tempo para haver educação, que consiste em dar afectos e disciplina.
“A falta de presença dos pais nas escolas é um problema. O tempo escasseia e as crianças passam muito tempo nas escolas e os pais até pedem para passarem mais tempo lá. Quando estão com os filhos querem dar afecto e esquecem-se que falta dar disciplina. As escolas deveriam de usar um projecto que está implementando numa outra escola, em que os alunos mais velhos ficam responsáveis por alunos mais jovens. Isso dá segurança e cria integração entre a comunidade”, manifestou a oradora.
Por Carlos Barroso
Fonte: Jornal das Caldas
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