Nunca gostei daqueles trotes que os veteranos fazem com os calouros que acabam de entrar na universidade. Sei que o costume é antigo, que é uma espécie de ritual de passagem e que, na maioria das vezes, tudo não passa de uma grande brincadeira. Mas o problema é que muitas vezes ultrapassam-se os limites do bom senso e do respeito aos outros. Não são raros os casos de bullying, ofensas morais e até violências físicas. Não me atrai este “abuso de autoridade”, mesmo que seja sem maldade e que eu saiba que o calouro de hoje será o veterano do ano que vem, e que também irá se divertir às custas dos recém-chegados.
Acompanhei uma turma de calouros, uma vez, que passava por vários trotes nos primeiros dias de aula. Um deles era assim: um menino tinha que escolher entre vários papéis onde estavam escritos adjetivos, um que se adequasse à colega. Ele colou na testa dela o papel com a palavra “balofa”. Todo mundo riu, ela ficou sem jeito mas aguentou firme até o final da brincadeira. Meses depois ela me confidenciou que por pouco não desistiu do curso, tamanha a humilhação que sentiu, mas oreferiu não reagir para evitar ainda mais brincadeiras e gozações.
Óbvio que quando se é adulto este tipo de coisa não causa traumas, pelo menos não causaria em mim. Mas num adolescente que quer e precisa ser aceito pelo grupo, é bem diferente. Se eu pudesse, baixaria uma lei proibindo os trotes – ou melhor, incentivando as recepções nas universidades que envolvem ações solidárias, como arrecadação de agasalhos, alimentos, livros, brinquedos, visitas a doentes, asilos, creches. Precisamos despertar o espírito solidário e de cidadania nos nossos jovens. E não o contrário.
Postado por viviane_bevilacqua
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