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Da Reportagem do Diário de Cuiabá
Na última semana, começou o ano letivo em boa parte das escolas públicas e particulares, localizadas em Cuiabá. Com o início das aulas, uma das preocupações é evitar os casos de bullying, que ocorre com certa frequência e vem ganhando cada vez mais atenção por causa de suas consequências destrutivas para a criança, adolescente ou jovem.
Na Escola Municipal 12 de Outubro, localizada no Jardim Itamaraty, o bullying faz parte dos tópicos para formação dos professores, que no início do ano assinam uma espécie de termo de compromisso chamado de “Combinado”, em que são orientados quanto à proibição de xingamentos e colocação apelidos entre os alunos. "Às vezes, até aquele apelido carinhoso como "anjinho" o aluno não gosta", exemplificou o coordenador pedagógico da unidade, Michelangelo Henrique Batista.
Conforme Batista, o trabalho de prevenção surgiu diante dos frequentes casos deste tipo de agressão e de racismo que vinham acontecendo na escola. No ano passado, ao menos sete casos, incluindo um de ciberbullying, precisaram da intervenção da direção da unidade e dos pais dos alunos.
Os fatos ocorreram mais no primeiro semestre de 2014. Com a formação, orientação e um olhar mais atento dos profissionais, o trabalho começou a dar resultado e os casos diminuíram no segundo semestre. A expectativa é que este ano novos fatos não aconteçam. A escola tem cerca de 560 alunos, do Ensino Infantil ao 6º ano do Fundamental.
"O bullying é uma prática que tem uma diferença em relação ao racismo, que às vezes, constitui-se um crime. Mas, os dois usam como ferramenta o preconceito e a discriminação. Só que o racismo acontece sob uma ideologia de inferioridade e o bullying de superioridade", disse Batista. "Quem comete o bullying sempre tem um sentimento de poder", acrescentou.
Batista lembra que, entre as práticas ofensivas, a criança ou adolescente era chamado de macaco, feio e gorducho. "Teve uma criança nossa que foi vítima de bullying e racismo por ser negra e estar acima do peso e foi necessário passar por psicólogo", comentou.
Já o ciberbullying envolveu duas turmas do mesmo ano, mas de salas diferentes e que criaram um grupo no WatsApp. O coordenador explica que mesmo os aparelhos celulares sendo proibidos em sala de aula, o uso ou acesso dos aparelhos fora da unidade é muito comum. "Uma das turmas criou o grupo e começou a chamar as alunas da outra sala de recalcadas e diziam que as meninas eram feias e que se vestiam mal", comentou.
Entre as alunas, houve até ameaças de briga feitas pelo WatsApp. "Os alunos não mexem com o celular dentro da escola, mas fora. Então, foi necessário convocar os pais, conversar com eles sobre o uso do celular e a criação do grupo. Com isso, acabou o grupo e alguns pais recolheram os celulares dos filhos", disse Batista reforçando que apesar das meninas estudarem na unidade, o ciberbullying aconteceu fora do ambiente escolar. "Aconteceu fora do portão, mas interferiu na sala de aula", acrescentou.
Aluno do 6º ano, Isaias Lopes Moura, 11 anos, aprendeu na escola o que é bullying. “É uma perseguição de uma pessoa contra outra e não precisa disso”, disse. Ele reconhece que alguns colegas costuma zombar uns dos outros. Porém, Isaias acredita que nunca foi vítima deste tipo violência. “Alguns me chamam de ‘Isa’, mas eu não ligo. Não me importo. É só brincadeira”, afirma.
O bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. As consequências são várias porque o que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa, provocando isolamento ou queda do rendimento escolar.
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