domingo, 8 de fevereiro de 2015

Jovem supera bulimia e piadas sobre peso e perde 36 kg com vida saudável

Na adolescência, Karina vomitava para emagrecer e não sofrer bullying. Hoje, com 20 anos, ela superou doença, mas sofre com consequências.


Mariana Palma
Do G1, em São Paulo
Quem hoje vê a estudante Karina Moreira da Silva, de 20 anos, levando uma vida saudável, não imagina que há poucos anos, ela enfrentou uma adolescência cheia de problemas por causa do excesso de peso. “Quando eu tinha 12 anos, pesava 85 kg com 1,48 m de altura. Sofri muito bullying entre os amigos da escola, que me chamavam de vários apelidos, como chupeta de baleia, por exemplo”, lembra a jovem de São Paulo.
Karina só não sofreu mais com as piadas porque a mãe trabalhava na escola, o que impedia um pouco os amigos de falarem. “Quando tinha algum responsável por perto, até diziam que eu era bonita, mas sempre tirando um sarro”, conta. No início, ela tentou relevar os comentários, mas depois de um tempo, quando todas as amigas começaram a crescer e a mudar fisicamente, as brincadeiras passaram a incomodar. “Elas foram ficando magras, altas e bonitas e eu não. Então comecei a pesquisar sobre bulimia para tentar emagrecer”, lembra.
Karina sofreu com o excesso de peso na adolescência, mas conseguiu adotar uma vida mais saudável (Foto: Arquivo pessoal/Karina Moreira da Silva)Karina sofreu com o excesso de peso na adolescência, mas conseguiu adotar uma vida mais saudável (Foto: Arquivo pessoal/Karina Moreira da Silva)
Raio X - VC no Bem Estar - Karina Moreira (Foto: Arte/G1)
A jovem, que estava acostumada a comer sempre em grandes quantidades, diz que por isso, não teve dificuldades em começar a vomitar. “Eu não precisava forçar, era muito fácil”, conta.
Sem considerar a gravidade do problema na época, Karina continuou bulímica até os 17 anos. “Era muito nova e minha cabeça era diferente. Eu não tinha medo e isso não me afetava, porque o importante era ser magra”, revela.
Não demorou para que a doença começasse a trazer consequências para sua saúde e os efeitos apareceram principalmente nos dentes e no desempenho escolar.
“Ficava muito fraca, passava mal na escola e meu raciocínio ficou lento”, lembra. Karina até tentou disfarçar, mas sua irmã mais velha e sua mãe acabaram descobrindo a bulimia, o que acabou sendo determinante para que ela superasse o problema.
“Elas conversaram comigo e cuidaram de mim, para que eu não fizesse mais nada perto ou longe delas. Fez muita diferença, até mais do que a terapia que eu fiz”, acredita.
Quando a jovem fez 17 anos, a mãe deu de presente um período na academia e ali foi o começo de uma mudança radical. “Na academia, eu vi outra forma de me acalmar. Foi quando decidi mudar meus hábitos e reduzir as quantidades de tudo o que eu comia”, conta.
Depois de cerca de 1 ano e meio, Karina saiu dos 98 kg para os 48 kg, mas ela ainda sofria com algumas crises de bulimia. “Nesse período, eu ainda achava que podia engordar a qualquer momento. Mas como eu perdi peso rápido, acabei ficando com um aspecto doente”, lembra.
Karina mostra as marmitas que faz para passar o dia fora de casa (Foto: Arquivo pessoal/Karina Moreira da Silva)Karina faz marmitas para passar o dia fora de casa
(Foto: Arquivo pessoal/Karina Moreira da Silva)
Com a saúde fragilizada, a estudante procurou um médico, que a fez perceber que era a hora de vencer a doença de uma vez por todas. “Eu tinha dores muito fortes de gastrite, que poderiam virar uma úlcera. Eu fiz muitos exames e vi que não valia mais a pena, que aquilo não estava me levando a lugar algum”, diz.
Então, ela seguiu firme e forte no novo estilo de vida, muito diferente do que o que ela estava acostumada a levar. “Faço 4 marmitas por dia porque passo o dia fora de casa. Hoje almoço um pote cheio de alface e frango. Antes, eu comia aqueles pratos de pedreiro”, lembra. Para não sentir mais uma fome incontrolável, ela adotou o hábito de comer a cada 3 horas, mas nunca em grandes quantidades. “Fico satisfeita com pouco. Se passar disso, já sei que é gula. E doce já não faz mais parte do meu cotidiano”, relata.
E da outra parte, a atividade física, Karina diz que não abre mão, porque já virou parte de sua vida. “Eu arranjo um tempo. Faço 5 vezes por semana, corrida e aulas na academia”, conta.
Hoje, não mais com o aspecto doente dos 48 kg, ela comemora a saúde em dia e os 62 kg, 36 kg a menos. “Está tudo bem, dentro do possível. Minha gastrite regrediu e minha pressão não oscila mais. Mas ainda tenho reflexo da bulimia nos dentes”, conta.
Agora, com 20 anos e cursando a faculdade de psicologia, a estudante vê seu passado de outra forma. “Eu vejo muita gente preocupada em tentar agradar aos outros, mas esse é um caminho que não vale a pena. Eu cheguei aos 48 kg para que ninguém mais me criticasse, mas a maneira que eu fiz isso só afetou a mim e a minha família”, acredita.
Karina defende que é possível perder peso do jeito correto e com consciência, sem pensar nas outras pessoas. “Eu pretendo seguir de um jeito saudável e quero chegar aos 56 kg, peso que a nutricionista recomendou. Depois, quero fazer uma abdominoplastia para tirar o excesso de pele”, conclui.
Karina defende que não se deve emagrecer para agradar aos outros, mas sim por uma vida mais saudável (Foto: Arquivo pessoal/Karina Moreira da Silva)Karina defende que não se deve emagrecer para agradar aos outros, mas sim por uma vida mais saudável (Foto: Arquivo pessoal/Karina Moreira da Silva)

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