quarta-feira, 14 de maio de 2014

As armas que matam sem pólvora

DIÁRIO DA MANHÃ
LEONARDO RIBEIRO COELHO
Facebook, twitter, instagram, whatsapp entre outros são as conhecidas redes sociais, que regem grande parte da teia de relacionamentos entre milhões de jovens de todo o mundo, diariamente. Na atualidade, estas ferramentas que possuem a finalidade inicial de propor a quebra de barreiras geográficas, proporcionam a instantaneidade da comunicação e têm sido utilizadas de maneira criminosa e discriminatória, como uma arma nas mãos dos usuários que pretendem ofender e denegrir os demais.
De acordo com estudos do IBGE, cerca de 31% dos jovens brasileiros já foram vítimas de bullying, um assunto que ganha cada dia mais espaço na mídia e na sociedade e tem sua origem da palavra inglesa bully, que quer dizer ameaçar, intimidar, amedrontar, tiranizar, oprimir, maltratar.
Em Goiás vivenciamos o caso "Fran", que consistiu em vídeos de relações sexuais entre a garota e seu ex-parceiro, supostamente liberados por ele na rede de relacionamento whatsapp, que ganhou repercussão internacional. Neste ponto não há bullying na história, mas o cenário muda quando se analisa o fato de que "Fran" foi afastada de seu emprego e teve sua rotina de vida completamente mudada, devido ao episódio. Comentários de baixo calão e "singelos" apelidos à garota formalizaram a agenda setting das redes sociais por dias.
Os casos de bullying virtual ou “cyberbullying” não são exclusividade no Brasil. No final de 2013, o suicídio da garota norte-americana Rebecca Sedwick de 12 anos, teve seu desenvolvimento no facebook. A garota não resistiu as ameaças e intimidações de colegas do seu colégio, por ela namorar o ex-namorado de uma colega de classe que a levaram ao estopim, ao ponto de se jogar de uma da plataforma em uma fábrica de cimento abandonada. Em seu perfil, a principal perseguidora de Rebecca foi enfática ao afirmar que ela teria praticado as ações que ocasionaram o suicídio da norte-americana, mas que pouco se importava.
O assunto de bullying virtual não deve fazer parte apenas de pautas em escolas e universidades. Em casa o papel dos pais é fundamental na busca em fazer com que adolescentes e jovens saibam respeitar as diferenças e opiniões adversas as delas. O cyberbullying é uma arma com o gatilho apontado para a face de diversos usuários das redes sociais, que não possuem preparo psicológico suficiente para suportarem as pressões destes opressores.
O bullying cometido neste ambiente já é um dos principais causadores de mortes entre os jovens e possui prospecção de ser o principal em 2020, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Psiquiatria do México. Atitudes caracterizadas como cyberbullying não devem ser pautadas somente como uma conduta antimoral e antiética. É caso de justiça, criminal. Prova disto é que os prints retirados do perfil da opressora do caso de Rebecca serão utilizados como prova para processá-la na justiça americana.
As redes sociais devem ser utilizadas de forma consciente. Precisam ser monitoradas pelos pais, para que o intuito inicial em que foram criadas não seja desviado. Promover a interação e a instantaneidade nos relacionamentos entre os usuários é o foco principal das mídias digitais. Este foi o motivo primordial do desenvolvimento do facebook e todos os outros meios de relacionamento virtual. É dentro desta esfera de atuação que pais, escolas e a comunidade, de modo geral, devem unir esforços e fiscalizar, para não permitirem que estas valiosas ferramentas de comunicação, neste contexto projetadas como canais de prática de crime virtual, não se transformem em armas utilizadas de forma abusiva e que matam cada dia mais, de maneira silenciosa e sem que seja necessário o uso de pólvora.
(Leonardo Ribeiro Coelho, graduando de Relações Públicas na Universidade Federal de Goiás, estagiário na Assessoria de Imprensa e Comunicação Social do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás)

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