Atitudes agressivas, intencionais e repetidas podem, até, levar ao suicídio
O Distrito Federal, onde 14% dos estudantes admitiram ter praticado  agressões a colegas de escola, ocupa o primeiro lugar no ranking  nacional da prática de bullying. Os dados vêm da pesquisa realizada pelo  Centro de Empreendedorismo Social e Administrativo do Terceiro Setor  (Ceats) e a Fundação Instituto de Administração (FIA), de março de 2010,  nas cinco regiões brasileiras, cujo objetivo é reduzir a violência no  ambiente escolar. Foram ouvidas 5.168 estudantes de 5ª a 8ª séries do  Ensino Fundamental em todo o País e, no Centro Oeste, foram ouvidas 975  crianças de escolas públicas e particulares do Distrito Federal (Plano  Piloto, Samambaia e Brazlândia).
De acordo com o estudo, maus tratos  entre colegas três ou mais vezes durante o ano letivo caracterizam o  bullying. Quase 10% dos estudantes revelaram ter sido vítimas de tal  comportamento em 2009 e 28% da amostra nacional afirmaram ter sofrido  maus tratos por parte de colegas ao menos uma vez ao ano. As agressões  foram mais frequentes nas regiões Sudeste e Centro Oeste. No Distrito  Federal, a ocorrência de bullying foi de pouco mais de 11% no ano  passado. Em contrapartida, quase 30% dos alunos afirmaram já terem  maltratado colegas no ambiente escolar pelo menos uma vez. Cerca de 10%  admitiram destratar os colegas de escola mais de três vezes.
O estudo  divulgou também que entre os alunos entrevistados o termo bullying é  praticamente desconhecido, mas que, na opinião da maioria dos  professores, o comportamento é um fenômeno comum nas escolas. Para eles,  esse é um tipo de prática sempre existiu ao lado de outras formas de  interação entre os jovens, porém não com a mesma nomenclatura. A  pesquisa revelou ainda que o modo mais frequente de manifestação de maus  tratos é a agressão verbal por meio de apelidos ou xingamentos.
Em relação às estratégias adotadas pela escola, em primeiro lugar está o comunicado aos pais, seguido de punição aos autores. No Brasil, 3,9% das escolas ignora o comportamento e no DF, 4,3%, segundo aponta a pesquisa. A maioria das escolas não apresenta estratégias institucionais de controle à violência de modo geral.
As vítimas são intimidadas, excluídas ou humilhadas
O termo bullying vem do inglês e significa algo como intimidação. Os  alunos que sofrem o bullying são aqueles perseguidos, intimidados,  excluídos e humilhados pelos colegas de escola. De acordo com a  psicopedagoga Francisca Rios, a ação é uma pressão psicológica exercida  na criança ou adolescente. Um exemplo é aquela criança excluída de um  grupo por apresentar características físicas ou sociais diferentes.  Francisca explica que xingamentos, apelidos pejorativos e exclusão são  algumas características. “Como o tema está muito em foco, alguns fatores  devem ser observados. Nem tudo que acontece entre as crianças pode ser  considerado bullying. Algumas brincadeiras e apelidos fazem parte da  rotina dos alunos”, ressalva Francisca.
A psicopedagoga diz que  agressões físicas podem ser uma consequência do bullying, mas que não é  característica da prática. “A agressão física pode aparecer quando uma  criança sofre o bullying e reage à prática”, especifica, acrescentando  que esse tipo de comportamento acontece no mundo todo e pode provocar  nas vítimas, desde diminuição da auto-estima, até o suicídio. O bullying  é associado a atitudes agressivas, intencionais e repetidas praticadas  por um ou mais alunos contra outro. Portanto, não se trata de  brincadeiras ou desentendimentos eventuais, diz a especialista.
O  estudante Marcelo Nogueira (nome fictício), 17 anos, já sofreu e  praticou o bullying. Para ele, não é uma coisa intencional, é apenas  brincadeira. “Eu zoava uma menina da minha sala, colocava apelidos,  brincava com ela. Aí, ela foi à direção reclamar e eu tomei dois dias de  suspensão”, reclama o jovem. Marcelo relatou que sempre teve apelidos,  já foi excluído de alguns grupos, mas nunca teve problemas com isso. “Eu  já forcei amizade com um monte de gente que simplesmente me ignorou.  Não é porque alguém me coloca um apelido que vou chorar ou ficar  chateado”, afirma o garoto.
A psicopedagoga alerta que o bullying pode gerar uma fobia social e da escola nos que sofrem com as brincadeiras de mau-gosto. As crianças que expõem o que estão vivendo têm menor predisposição para atitudes drásticas, como o suicídio. Quando não há intervenção efetiva contra a prática do bullying, o ambiente escolar tende a tornar-se um lugar tomado por um clima de ansiedade e medo. Medidas que envolvam toda a comunidade escolar devem contribuir positivamente para a formação de uma cultura de não-violência. Tais medidas podem incluir trabalho de prevenção, envolvimento dos grupos dentro da escola, aceitabilidade, atendimento particular no foco das ações, entre outras.
Fonte: Jornal Tribuna do Brasil
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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