sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dúvidas de jovens têm respostas

Psiquiatra carioca autora de livro, Ana Beatriz traz esclarecimentos sobre a agressão física ou psicológica

Porto Alegre – Autora do livro Bullying – Mentes Perigosas nas Escolas, a psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva esteve em Porto Alegre participando do Conversa no Praia, programa cultural promovido pelo Praia de Belas Shopping e pela Saraiva MegaStore.

A autora se dedica a vítimas de bullying (violência física ou psicológica feita com o objetivo de intimidar ou agredir o outro mais frágil, incapaz de se defender), buscando alertar para o problema e ajudar pais, educadores, crianças e adolescentes.


Ana Beatriz defende que a boa escola não é aquela em que o bullying não ocorra, mas sim aquela que toma posturas efetivas contra esse fenômeno.


A seguir, perguntas feitas por leitores do suplemento jovem Kzuka e enviadas à especialista por e-mail:


Ana Julia Dias Oliveira, 14 anos: Quando se pode considerar que um professor cometeu bullying e o que acontece com ele depois?


Ana Beatriz Barbosa Silva: Muitos alunos são intimidados, coagidos, humilhados e até mesmo perseguidos por professores, que se valem do poder de hierarquia. No entanto, para que tais atitudes sejam consideradas bullying, as perseguições devem ser repetitivas, intencionais, contra um ou um grupo de estudantes. Os alunos vitimados por quem deveria educá-los e até protegê-los apresentam quadros depressivos caracterizados por sentimentos negativos, autoestima rebaixada, sensação de impotência, desmotivação para os estudos e queda no rendimento escolar. O aluno-alvo nunca deve agir sozinho, pois está fragilizado e em desvantagem. Os pais devem ser informados imediatamente para que possam informar a diretoria da escola. Caso a diretoria não tome nenhuma atitude eficaz, os conselhos tutelares e as delegacias da Criança e Juventude devem ser acionados.

Julia Roberta Garcia, 15 anos: Palestras antibullying para os alunos têm resultados concretos?


Ana Beatriz: Com certeza. Não somente palestras para os alunos como também para professores, a todos os funcionários da escola e aos pais. Ainda existe muita desinformação sobre o problema e muitos acham que são brincadeiras típicas da idade. Bullying não é brincadeira, e sim um ato de extrema covardia. As consequências para as vítimas podem ser desastrosas, causando sérios prejuízos para a vida adulta. A escola também deve manter posturas bem firmes contra o bullying. A elaboração de vídeos, peças de teatro em sala de aula etc., que façam com que os agressores se coloquem no lugar da vítima, começam a trazer resultados positivos nas escolas que veem o problema com mais seriedade.

Paula Nichterwitz Scherer, 15 anos: Admitir para os pais e amigos que se sofre de bullying é sempre um desafio. Como deve ser essa conversa?


Ana Beatriz: A vítima de bullying precisa romper a lei do silêncio, expondo-se de forma transparente aos pais e mostrando que seu sofrimento é real e por uma causa que envolve consequências dramáticas. Contar com amigos, irmãos ou pessoas mais íntimas nessas horas é imprescindível para que os pais pouco atentos comecem a tomar pé da situação. Pedir auxílio aos pais de outros alunos amigos da vítima também é uma boa estratégia, já que juntos podem chegar à direção da escola e exigir providências. Ter medo ou vergonha de contar aos familiares o que se passa entre os muros da escola, ou até mesmo sobre as difamações ocorridas na internet, só reforça a violência escolar. As vítimas nunca devem agir sozinhas.

Vitória Burin, 16 anos: Qual o tipo de bullying mais cometido?


Ana Beatriz: Em linhas gerais, se observa a violência física entre meninos, mas isso não significa que seja o mais praticado. É apenas mais visível. Mas todas as formas de violência são executadas: brigas, empurrões, beliscões, roubo de pertences da vítima, xingamentos e apelidos pejorativos, isolamento e exclusão, assédio sexual e as difamações pela internet. O bullying entre meninas também é bastante praticado, embora pouco notado, já que as meninas normalmente cometem o bullying na base da fofoca, intrigas e isolamento das colegas. No entanto, não deixa de trazer consequências muito sérias para quem sofre. Uma das formas mais agressivas de bullying é o ciberbullying, ou o virtual, que em segundos ganha proporções gigantescas através da internet ou celulares, e expõe o aluno-alvo ao escárnio público.

Fonte: Pioneiro

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