quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A cada hora, um ato violento

Pesquisa mostra que brigas e bullying são constantes em escolas da rede municipal em Caxias

Caxias do Sul – Um levantamento inédito da Secretaria Municipal da Educação (Smed) desenha um mapa assustador do cotidiano escolar: a cada hora, um ato de violência envolvendo alunos, familiares e professores é registrado na rede municipal. A constatação é baseada nos atendimentos feitos por funcionários de 85 escolas durante os 200 dias do período letivo de 2009.

Pelo menos 3,6 mil casos de brigas, bullying, desentendimentos graves com familiares, agressões contra professores e abuso sexual chegaram ao conhecimento das direções dos estabelecimentos de ensino. Boa parte dos problemas aconteceram na Zona Norte.


Reverter o problema enraizado entre crianças e adolescentes é um dos desafios do município para os próximos meses. O levantamento foi apresentado ontem à tarde para diretores das escolas dentro do programa das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave).


A pesquisa também mostra que o bullying, termo que identifica um ato de violência física ou psicológica intencional e repetido, ainda não é compreendido plenamente pela comunidade escolar. Diferentemente de uma briga ocasional, o bullying traz sérios danos psicológicos às vítimas. Entretanto, o que mais chamou a atenção no ano passado foram as agressões entre estudantes nos pátios, corredores e salas. Estas ocorrências, porém, não foram classificadas como bullying, apesar de haver suspeita de que um percentual razoável dos casos tenha esse perfil.


– Percebemos formas diferentes dos professores e da comunidade escolar em caracterizar um ato como bullying ou não. Pode ser que o bullying, em alguns casos, tenha sido identificado como uma briga corriqueira. Nossa meta é qualificar esse entendimento – explica a coordenadora da Cipave e responsável pela pesquisa, Raquel Maffessoni.


A partir do estudo, a Smed e a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social pretendem redirecionar as políticas públicas de prevenção, uma vez que as vulnerabilidades de cada escola estão identificadas. O secretário da Segurança, Roberto Louzada, ressalta que os dados servirão de base para outra pesquisa a ser realizada em 2011. Com isso, o município terá condições de avaliar se os trabalhos que estão sendo desenvolvidos neste ano surtiram efeito. Até então, não havia uma dimensão do que estava acontecendo na rede municipal. O último levantamento, feito em 2008, por exemplo, só contou com a participação de 59 escolas, o que impedia um detalhamento da realidade de cada região.


– Quando implantamos as Cipaves nas escolas em 2007 era um projeto piloto. Os anos seguintes serviram como consolidação. Agora, é o marco zero para que possamos realmente construir um retrato das vulnerabilidades e focar as ações com resultados – diz Louzada.


Fonte Adriano Duarte adriano.duarte@pioneiro.com

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