segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Adultos também sofrem com bullying

Adolescência marcada pelo fenómeno deixa marcas para a vida. Alguns usam a internet para falar sobre o que sofreram

«Infelizmente sei o que é o bullying, pois fui vítima durante nove anos», começa por contar Joana, no fórum do Portal do Bullying, que recebeu nos primeiros seis meses mais de 20 mil visitas, escreve a Lusa.

Além de estudantes, pais e professores, este site apoia também adultos que sofrem no seu dia-a-dia as consequências de uma adolescência fortemente marcada pelo fenómeno.

«Quando é continuado no tempo, durante grande parte do percurso escolar, o bullying deixa repercussões nos adultos ao nível social e profissional», explica Tânia Paias, psicóloga clínica e directora do portal, em declarações à agência Lusa.

Assim, prosseguiu, existe um conjunto de «distorções cognitivas» validadas pelos comportamentos vividos ao longo do percurso escolar.

«O bullying teve consequências na minha vida. Apanhei uma depressão, fiquei com baixa auto-estima, tímida e não consigo confiar em ninguém», acrescenta Joana.

O desabafo é confirmado pela psicóloga, que aponta como consequências «as dificuldades ao nível da gestão da agressividade», bem como «a constante desconfiança» em relação aos outros, por exemplo.

Lançado a 30 de Janeiro, o site (www.portalbullying.com.pt) recebeu nos primeiros seis meses cerca de 20 mil visitas, registando-se mais de 365 mil visualizações de páginas.

«É um balanço muito positivo. Tivemos uma adesão muito grande e pensamos que conseguimos auxiliar as pessoas naquilo que são as suas preocupações, tanto de adolescentes, como de pais e professores», sublinha a directora.

No fórum, público, foram deixadas mais de 100 mensagens, enquanto no chat ou via email, confidencial, o número ultrapassa as 400. É através do chat que uma equipa de psicólogos responde, esclarece e apoia qualquer utilizador.

«Somos várias vezes questionados por pais e professores sobre a melhor forma de lidar com situações, apesar de já haver um maior conhecimento do fenómeno, devido à mediatização. Por isso, começam a saber intervir de forma mais adequada», considera Tânia Paias.

Quanto aos jovens e adolescentes, a grande maioria «não sabe lidar com a questão». Por isso, um dos objectivos do site passa por «reforçar as competências individuais» de cada um.

«Não sabem lidar com a situação porque há o receio da denúncia, de serem alvo de novas retaliações ou de falar com um adulto, por exemplo», disse.

Para a directora do portal, independentemente das alterações introduzidas no Estatuto do Aluno ou a consideração do bullying como crime, o importante é «intervir no espaço escolar».

«A melhor prevenção é a intervenção na escola. Dar ao próprio aluno, quer seja vítima, quer seja agressor, a necessidade de elaborar as coisas de outra forma. Mudar a sua conduta face à violência», defendeu.

Fonte: IOL Diário

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