sexta-feira, 18 de abril de 2014

"Era feiosinha e sofria bullying. Nunca quis ser miss", diz Miss Brasil

Por IG Gente

"Ser modelo é muito complicado. Mato minha vontade de comer doce com uma fruta. Tenho sorte quando pego uma fruta bem doce, porque imagino que estou comendo uma colher de brigadeiro", queixa-se Jakelyne Oliveira, a Miss Brasil 2013, provando que manter a beleza é tarefa difícil.
"Quero ficar magra, mas com o corpo definido, porque estou começando a fazer trabalhos como modelo. Faço massagem modeladora, drenagem linfática, air-lipo, choques no abdome e no bumbum, treino todos os dias", relata ela, que está liberada para comer apenas duas colheres de arroz integral durante o almoço, não ingere carboidratos e vive à base de proteína na dieta elaborada por uma equipe composta por nutricionista e personal trainer.
Mas o sacrifício de Jakelyne não é em vão. "Depois de um tempo isso tudo começa a dar prazer, porque estou cuidando da minha beleza interior, da minha saúde, do meu bem-estar. Percebi também bastante mudança no meu comportamento. Me sinto mais disposta, mais ágil, com mais energia. E está fazendo bem para a minha pele também", avalia.
Durante ensaio exclusivo, a estudante de Engenharia Agrícola, que largou tudo para viver da carreira de Miss, lembra que na infância comia de tudo e, na adolescência, sofreu por ser muito magra. "Enquanto minhas amigas pediam saladinha, eu pedia um x-tudo com refrigerante light. Era muito magra e até sofria bullying. Era a última que alguém olhava na festinha, era a mais feiosinha das minhas amigas. Comia horrores para ver se engordava e nunca me senti bonita", diz.
No entanto, engana-se quem pensa que o assédio masculino aumentou depois do título de Miss. Segundo ela, o concurso virou uma nova barreira na hora da conquista. "Quando (os homens) não sabem que sou Miss, eles chegam mais, mandam bilhetinhos... Só que quando descobrem, eles somem, desaparecem. Dá uma intimidada muito grande esse título", afirma ela, que, por outro lado, sempre é rodeada pelas mulheres.
"Tem mais assédio feminino para saber como é o meu cuidado com a beleza, com o corpo, do que realmente dos homens. Elas chegam para dicas de beleza. Já os homens usam aquela frase: 'Você é muito bonita, com todo o respeito'".
Apesar de gostar de falar sobre beleza, o assunto que mais emociona Jakelyne é a família. No intervalo entre fotos e perguntas, a Miss exibia com sorriso no rosto e brilho no olhar os vídeos da irmã, Geovanna Cristina, de cinco anos, portadora da síndrome de down. E graças à necessidade especial da irmã que a Miss usa da visibilidade conquistada com o título para ajudar instituições de caridade e ONGs. "Quem está de fora imagina que vivo só de beleza, mas penso em algo muito maior. Através da minha imagem consigo uma visibilidade maior aos portadores de síndrome de down, consigo fazer trabalhos para arrecadar fundos para instituições", comemora. "Às vezes não consigo ajudar financeiramente, mas vou lá e e faço divulgação. Tento ajudar de todas as maneiras. Em momento algum consigo imaginar que eu seja um ícone da beleza e só. Uso esse momento para tocar o coração das pessoas e ajudar em causas importantes".
"Nunca quis ser Miss"
O título de Miss está ajudando Jakelyne a mudar as condições de sua família. No entanto, a realidade atual não era um sonho de infância dela. "Nunca quis ser Miss. Nunca tive esse desejo, nem a minha mãe. Mas momentos antes do meu pai morrer, ele se despediu de mim me falando uma coisa muito marcante: 'o papai não vai estar aqui para te aplaudir de pé, mas onde quer que o papai esteja, vai estar de olho em você porque quero que você seja reconhecida pela sua beleza'", relembra ela, com lágrimas nos olhos e a voz embargada. "No momento em que ele falou, travei o choro na garganta e não identifiquei o que ele queria dizer. O sonho dele era me ver em capa de revista. Perder meu pai foi o momento mais difícil da minha vida", continua.
Já recomposta da emoção, Jakelyne conta como foi participar do primeiro concurso de beleza e do sucesso rápido nas passarelas. "Dois meses depois que o meu pai morreu me chamaram para participar do Miss da minha cidade e na hora falei que não. Mas cheguei em casa, lembrei do que ele falou e aceitei. Foi o concurso mais difícil da minha vida, porque estava emocionalmente acabada. Comecei a entrar em depressão, foi muito complicado", avalia. "Mas hoje percebo que se não fossem as palavras dele, não estaria aqui. Depois disso, foi tudo muito rápido. Em menos de um ano e meio do meu primeiro concurso já ganhei o Miss Brasil".
Apesar de nunca ter almejado o reinado, Jakelyne desfruta dos benefícios do título. Segundo ela, o Miss Brasil ainda tem um fascínio sobre a população brasileira. "Não acho que o concurso tenha perdido o glamour. Tudo o que imaginei, estou vivendo. Tanto na vida pessoal, como na profissional. Tenho esse status de chegar e de ser reconhecida. Sou idolatrada, tenho fãs, os lojistas querem que use a marca deles. É um sonho, mas tem que ter cuidado para não tirar os pés do chão", avalia.
Mesmo após ter sido escolhida a mulher mais bonita do país, Jakelyne prefere se manter discreta e deixar que as pessoas a reconheçam. "Não tiro onda de falar que sou a Miss Brasil. Nem me apresento como Miss, não tenho essa coisa de querer ficar gritando para todo mundo sobre isso. Acho mais legal chegar num lugar e alguém elogiar a minha beleza e depois descobrir quem sou. É muito mais gostoso ter essa sensação de receber elogio sem a pessoa ter obrigação de elogiar", comenta.
"Nesse ano de reinado, não investi nada em mim, não gastei um centavo comigo. Investi tudo na minha família"
O maior desejo de Jakelyne é conseguir proporcionar um futuro melhor para a mãe e para os irmãos. "Hoje tenho um financeiro razoável. Se lá na frente nada der certo, quero olhar para trás e ver que consegui alguma melhoria na vida da minha família. O meu medo maior era acabar esse ano e não ter conquistado nada. Comprei um terreno para a minha mãe lá na minha cidade e vamos começar a construir. São conquistas minhas, que consegui por causa do Miss, com o meu trabalho", destaca. "Sou uma pessoa muito sensata. Sou vaidosa, mas não entro numa loja e compro tudo, compro o que realmente necessito, sou muito econômica. Economizo muito. Nesse ano de reinado, não investi nada em mim, não gastei um centavo comigo. Investi tudo na minha família, que é o mais importante. Não me iludi, sei que vim de uma família simples. Se o Miss acabasse hoje, conseguiria me manter aqui por algum tempo", completa ela. Durante o reinado, a rede Bandeirantes paga salário mensal por um ano e paga o aluguel de apartamento em São Paulo durante o mesmo período.
Humilde e pé-no-chão, a Miss guarda o dinheiro conquistado durante o reinado para investir na carreira. "Já tenho um pé de meia, uma base para continuar. É só um ano, muito pouco, mas estou batalhando bastante", garante.

Depois da guinada na vida simples, Jakelyne ainda não sabe a carreira que vai seguir no futuro. Por isso, conta com uma equipe para ajudá-la nas decisões profissionais. "Estão chegando várias propostas, estou avaliando tudo com muito cuidado. Várias agências de modelo já me sondaram e disseram que estão à minha disposição. Tenho propostas de televisão também", conta ela. "Agora vou começar o curso de teatro do Wolf Maya. Estou focando muito na minha oratória, no meu corpo, para que consiga ter uma escolha correta e consiga ver que fiz o certo para o meu futuro, porque não tenho como abraçar todas as propostas".

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