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Traumas e abusos durante a vida costumam drenar o amor e a aceitação que se tem por si próprio e conscientizar-se disso é o caminho para não ter vergonha de falar com alguém sobre o que sente.
*Por Semadar Marques
Educadora especialista em inteligência emocional e empatia
Dias atrás fãs de todo o mundo ficaram chocados ao saber do suicídio do vocalista da banda Linkin Park, Chester Bennington.
Casado e pai de seis filhos, Chester lutava contra a depressão, e, segundo relatado em entrevistas, havia sofrido abuso sexual na infância e bullying por ser muito magro e estranho de acordo com seus colegas, elementos que propiciam severamente o desenvolvimento de doenças emocionais na fase adulta. Uma vida toda de angústia (demonstrada claramente nas letras de suas músicas) poderia ter sido evitada se sua saúde emocional fosse desenvolvida e trabalhada desde o início.
Quem sofre de depressão sabe que ideias suicidas podem iniciar a qualquer momento, independente da fase ou situação de vida em que uma pessoa se encontra. Sucesso, fama e dinheiro parecem, a princípio, que irão preencher o vazio existencial de uma vida onde as emoções não foram valorizadas nem respeitadas. Parece, mas realmente não vão. As estatísticas estão aí para provar que por mais fama e poder que você aparente, se não há uma boa interação com as próprias emoções, não ficará imune de passar por isso ao longo da vida. Pensamentos de desesperança e de falta de sentido perante a vida podem ser evitados se houver uma maior compreensão e aceitação das próprias emoções.
Falando somente do Brasil, a Organização Mundial de Saúde revelou que ele é o país que tem a maior taxa de depressão da América Latina, cerca de 5,8% da população é diagnosticada com a doença. Quem está em sofrimento psicológico costuma sentir dores emocionais profundas, provenientes de abusos físicos e emocionais que teve ao longo da vida, falta de aceitação das próprias emoções, o que gera uma baixa autoestima e um péssimo um diálogo consigo mesmo. A polêmica série do Netflix ,13 Reasons Why ,trouxe a tona todas estas questões, com uma protagonista que comete suicídio após uma série de abusos sofridos. São cenas fortes, que revelam como pequenas insensibilidades do dia a dia podem agredir e machucar de maneira devastadora nossas emoções. E a mensagem principal da série é: uma vida inteira pode ser diferente se nos prepararmos para ouvirmos aquilo que sentimos e com isso aprendermos a também ouvir, aceitar e respeitar o que os outros sentem. A insensibilidade de não considerar emoções alheias vem da desconexão com as próprias emoções, na falta de hábito de falar o que se sente, na pressão da sociedade em manter a aparência de perfeição e reprimir o que se sente em detrimento das aparências.
Quem se lança a ideia do suicídio está passando por uma dor inexplicável, um vazio que se inicia na falta de perspectiva em si mesmo. E é importante falar que esta dor é totalmente viável de ser minimizada quando se tem o hábito de falar sobre ela e procurar pessoas que a acolham sem julgamento. Mas para fazermos isso, é necessário olhar de maneira honesta para o que sentimos e pensamos ao nosso próprio respeito, o quanto se acredita ser capaz de superar, o quanto se tem amor por si. Traumas e abusos durante a vida costumam drenar o amor e a aceitação que se tem por si próprio e conscientizar-se disso é o caminho para não ter vergonha de falar com alguém sobre o que sente.
*Semadar Marques é especialista em Empatia, Liderança Colaborativa, Propósito de Vida e Inteligência Emocional. Através de suas palestras, conferências e workshops sobre esses temas, Semadar busca inspirar as pessoas a irem atrás do que lhes faz plenamente felizes. www.semadarmarques.com.br
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