Tarefas corriqueiras na vida de toda criança, algumas feitas de forma automática, outras que deveriam desafiar e dar prazer. Mas Cleo conta que está cansada de tudo. E avisa que um dia vai embora para um lugar bem distante, acompanhada apenas de seu gato, seu único amigo.
A garota dá algumas pistas ao longo do desabafo. Ela conta que não gosta de ter que fazer tudo com pressa, que admira seu gato porque ele faz o que quer sem rodeios e revela que fica chateada porque as pessoas costumam rir de seus óculos.
Mas se no começo da história a garota se mostra solitária e triste, nas páginas seguintes ela revela-se sonhadora, aventureira e aberta a amizades.
Fuga
Cleo parte em seu barco velejando rumo ao horizonte infinito. Encontra um lugar muito distante, onde todo amanhecer é um espetáculo. Colhe em árvores estrelas que trazem sorte. E no meio do caminho conhece um garoto e com ele canta suas músicas preferidas e dança até os pés começarem a doer, na gruta das sereias.
Os dois enfrentam tempestades e derrotam os terríveis monstros dos mares. E contam histórias que deixam os seres marinhos de queixo caído. Quando estão cansados, tiram um cochilo nas nuvens fofas como algodão e doces como chantilly.
A cena final não precisa de texto para explicar o que realmente aconteceu. Não vamos estragar a surpresa, mas fica o convite para ler “Cleo” (SM, 32 páginas, R$ 42), com textos e ilustrações da belga Sassafras De Bruyn, e descobrir o poder da amizade. Oportunidade, ainda, para refletir sobre bullying, sobrecarga de atividades e angústia infantil. Em tempo: a tradução é do mineiro (radicado na Holanda) Cristiano Zwiesele do Amaral.