Andreia Miranda
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A psicóloga Melanie Tavares comentou, esta quinta-feira, no Jornal da Uma, da TVI, o caso das agressões a um jovem de 15 anos em Almada, cujo vídeo foi divulgado nas redes sociais.
Para a especialista, "este jovem, como todos os outros que já foram agredidos, tem aqui um papel de dupla vítima porque, quando isto tudo acabar, ainda vai ter este filme a circular na internet durante anos porque isto vai ser viral e nunca mais vamos conseguir tirá-lo da internet".
Não só vai recordar um momento que passou e que foi bastante traumático como vai revive-lo e ate ao nível de auto estima vai ser complicado de gerir porque está sempre a reviver aquela situação de inferioridade, de vítima e que passou por uma coisa destas", considerou a psicóloga.
Melanie Tavares disse ainda que é importante apurar se "foi uma situação pontual – e daí uma situação de violência – ou se eventualmente já é um comportamento reiterado e daí podemos enquadrá-lo no bullying".
Mas é uma agressão que acontece sob um contexto de escola, com desavenças que são comuns nessas idades – desavenças em relação a namoros e afins – e que tem a ver com os pares. Portanto, isto é uma situação de violência escolar, não sabemos muito bem o tipo de incidência para classificá-la como bullying, mas é no contexto escolar, no contexto dos pares, e que, infelizmente, é relativamente comum".
A especialista realçou ainda que "é importante que as pessoas também percebam que quem estava a observar também vai ser implicado".
Esse é o nosso público alvo, na maioria das vezes nas escolas, é efetivamente trabalhar com estes observadores, porque os observadores são a grande fatia das questões da violência escolar. Porque toda a gente sabe o que se passa na escola e poucos são os que tomam uma atitude. Portanto, os nossos planos de intervenção a nível de prevenção primária são muito mais direcionados para os observadores do que propriamente para a vítima e para o agressor".
Melanie Tavares realçou ainda que "normalmente, aquele que pratica o ato é muito cobarde e não o consegue fazer de igual para igual. As vítimas são escolhidas ou por alguma característica que as inferiorize ou por número".
[Neste caso] eles eram três e o rapaz, a vítima, era apenas um. Isso é mais ou menos comum. Esta brutalidade não é tão comum, obviamente, mas também acontece e tem tido alguns casos mediáticos", afirmou, acrescentando que "esta desumanização da vitima é uma coisa quase que educacional", realçando que "os agressores, às vezes, têm dificuldades em conseguir distinguir aquilo que é fantasia daquilo que é realidade. E [os jovens] vivem muito a fantasia quase como se de a realidade se tratasse".
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