sexta-feira, 4 de novembro de 2016

SP lidera ranking de casos de bullying em escolas, diz pesquisa

Alunos paulistas são os que mais admitem ter cometido agressões e os que mais dizem ter sido vítimas de humilhações de colegas






São Paulo – São Paulo é o estado que possui o maior número de casos de bullying, segundo dados do 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que traz indicadores sobre violência escolar.
De acordo com o levantamento, o estado de São Paulo é o que tem o maior número de estudantes que dizem ter se sentido humilhados por provocações de colegas na escola: 44,8% deles afirmam sofrer bullying às vezes ou raramente enquanto 9% vivem isso na maior parte do tempo ou sempre. Ou seja, mais da metade dos alunos ouvidos (53,8%) já sofreram algum tipo de bullying verbal.
O número é maior na rede pública, onde, no total, 54,4% dos alunos disseram já ter sido vítima de algum tipo de bullying enquanto a taxa da rede particular chega a 50,5%.
O estudo leva em conta dados de um questionário feito pelo IBGE com alunos do 9º ano do ensino fundamental em 2015, no qual os estudantes comentam sobre os episódios de bullying ocorridos nos 30 dias anteriores à pesquisa.
A pesquisa aponta ainda que São Paulo é o estado com o maior número de estudantes que admitiram ter praticado bullying contra seus colegas. Mais de 24% dos alunos entrevistados afirmam que já “esculacharam, zombaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram” colegas de escola a ponto de magoá-los ou até humilhá-los. O resultado foi praticamente o mesmo tanto na rede pública quanto na rede particular: 24,2% e 24,4%, respectivamente.
Os casos de bullying, em geral, são difíceis de serem reportados e contabilizados na totalidade porque dependem da notificação das vítimas ou dos agressores. Os agressores por muitas vezes não admitem terem sido autores da violência ou não consideram que as provocações são humilhantes ou intimidadoras. Já as vítimas muitas vezes não denunciam por medo, vergonha ou por acreditarem que não haja soluções para mudar essa realidade.
Segundo Patrícia Nogueira, coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização que produz o anuário, a pesquisa é fruto de um relato dos estudantes e, por isso, pode haver um número maior de casos nos estados onde os estudantes têm uma consciência maior sobre o que é bullying.
Por outro lado, ela explica que o questionário teve o cuidado de usar palavras que fazem parte do cotidiano dos estudantes para que eles conseguissem responder se uma provocação chegou a gerar humilhação.
“O interessante dessa pesquisa foi a forma como as questões foram feitas. Foram usados muitos sinônimos, incluindo até termos regionais, para o estudante entender o que estava sendo perguntado”, afirma Patrícia. “Eles não usaram o termo violência. Se fosse, talvez os resultados não seriam esses”.

Outros estados

Entre os estados com mais vítimas, o Paraná ficou em segundo lugar, com 48,5% dos alunos tendo sofrido ao menos um episódio de bullying, seguido de Mato Grosso do Sul, com 48,4%.
No ranking de estados com mais agressores assumidos, o Distrito Federal aparece em segundo lugar, com 23,6% dos estudantes admitindo já terem humilhado um colega. Em terceiro está Roraima, com 22,8%.

Motivo do bullying

Em todo o país, as provocações que as vítimas afirmam ter mais sofrido têm relação com a aparência do corpo (15,6%) e do rosto (10,9%). A cor ou raça (5,6%)  é o terceiro item mais citado, seguido por religião (3,4%) e orientação sexual (2,1%).
Paraíba e Rio Grande do Norte são os locais onde mais alunos sofreram bullying pela aparência do corpo. Já São Paulo lidera nas provocações pela aparência do rosto (13,2%).
O estado com mais vítimas de humilhações por causa da cor ou raça foi Roraima, com 7,5%. Piauí e Amazonas lideram no bullying por causa de religião (5,6%) enquanto em Amapá há o maior número de vítimas que dizem ter sofrido discriminação dos colegas por causa da orientação sexual (2,6%).
Veja no infográfico abaixo os dados sobre bullying nas escolas brasileiras:

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