sexta-feira, 4 de novembro de 2016

França mobiliza 300 mil pessoas para combater bullying nas escolas


mediaFrança lança nova campanha contra o bullying nesta quinta-feira (3).Captura de vídeo
Há alguns anos a França tenta recuperar o atraso em relação a seus vizinhos europeus sobre a luta contra as agressões físicas e psicológicas nas escolas. Para combater o problema, o governo estabeleceu esta quinta-feira (3) como o dia nacional de luta contra o bullying, a segunda edição da mobilização no país.
Neste ano, o governo se concentra sobre o cyberbullying e considera, pela primeira vez, o poder da internet na disseminação de violências contra colegas. Para isso, o Ministério da Educação realiza uma campanha e divulga nas redes sociais, rádios e televisão um vídeo que retrata o problema entre as crianças.
O vídeo mostra uma jovem garota que é vítima de ameaças dos colegas nas redes sociais. "Você não merece viver", escreve uma colega sobre a menina em uma plataforma fictícia. A mensagem ganha rapidamente apoio de vários outros companheiros de classe. Um dos amigos da vítima explica que não fez nada de errado, apenas fez "like" na publicação maldosa. No fim do vídeo, a narração explica que "dar like também é fazer bullying".
Bullying diminui na França
Este ano, a campanha contra o bullying na França é acompanhada de uma boa notícia. Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 42 países mostra que o fenômeno, seja físico ou psicológico, diminuiu 15% nas escolas da França, entre 2010 e 2014 - um fenômeno inédito em vinte anos. No entanto, 7% dos 3,2 milhões alunos do ensino básico ainda se dizem vítimas de bullying "grave" ou "muito grave".
Para a ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, as políticas de combate ao bullying devem ser permanentes. Segundo ela, as agressões físicas e psicológicas voltam a acontecer desde que as campanhas contra o problema diminuem.
Entre as armas do país contra o bullying está um serviço de ajuda por telefone, o 3020. Neste ano, os horários do suporte foram ampliados e a plataforma passou a funcionar de segunda a sábado. O número contabilizou 65 mil chamadas nos últimos doze meses. Um site também está à disposição das vítimas de bullying na França.
300 mil franceses contra o bullying
Cerca de 200 mil pessoas que trabalham no setor da educação foram formadas - um número que deve chegar a 300 mil até o final de 2016. Além de professores e diretores, voluntários também participam da ação. É o caso de Jacky Pamart, um estudante de 21 anos, que participa de um trabalho em uma escola de sua região para sensibilizar os alunos sobre o problema. O próprio jovem foi vítima de agressões na infância. "Tinha vergonha. Pensava que a culpa era minha", relembra. O rapaz só encontrou alívio quando relatou o problema a um professor e pôde ser ajudado.
Segundo a psicóloga francesa Marie Quartier, não há uma "fórmula milagrosa" para lutar contra o bullying na escola. Para ela, o mais importante é quebrar o silêncio e estimular as vítimas a denunciar os agressores. A maioria das crianças prefere se calar e aceitar a violência, acreditando que ela é a culpada pelos atos aos quais são submetidos.

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