quinta-feira, 4 de junho de 2015

Álcool é um rastilho para a violência entre jovens

No distrito de Santarém mais de 50% dos adolescentes consomem bebidas alcoólicas com regularidade 

As características dos agressores e das vítimas de bullying e violência doméstica e o papel das forças de segurança no combate a esses fenómenos foram questões abordadas num seminário promovido pelo Comando Territorial da GNR de Santarém.

Bruna tem 19 anos e foi vítima de violência por parte do namorado, António. Sempre que ele estava com “um copo a mais”, bastava o simples facto de Bruna o contrariar para António partir para a violência. As iniciais ofensas psicológicas começaram a dar lugar a estalos, murros e empurrões. Na maioria das vezes, Bruna nem tinha noção da dimensão das agressões. Estava embriagada também...

Este é apenas um dos muitos exemplos que ilustra a associação directa entre o consumo de álcool e o aumento dos comportamentos violentos entre adolescentes. A problemática foi abordada pela professora Maria Clara André à margem do seminário “Um olhar em rede sobre os agressores” que decorreu ao longo do dia 27 de Maio, no auditório da Escola Superior de Saúde de Santarém.

“Quando se expõem ao álcool, os adolescentes estão-se também a expor à violência doméstica”, salientou Maria Clara André, adiantando que o consumo de álcool duplica a predisposição dos rapazes para a violência, triplicando no caso das raparigas.

No distrito de Santarém mais de 50% dos adolescentes consomem álcool com regularidade, sendo o primeiro contacto muitas vezes facilitado por pais e familiares. O momento de fazer as filhoses no Natal, realça a professora, é um dos principais momentos em que as mães dão a experimentar aguardente aos seus filhos.

O bullying foi outro dos comportamentos agressivos em análise neste seminário organizado pelo Comando Territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Santarém. As manifestações de bullying atingem o pico aos 13 anos de idade, altura em que os adolescentes têm uma maior necessidade de aprovação por parte dos colegas. “Quando agride, o agressor sente o seu comportamento reforçado e não punido”, referiu Sónia Seixas, docente na Escola Superior de Educação de Santarém. Na opinião da professora, “a prevenção deve começar logo nos jardins-de-infância” de modo a evitar o desenvolvimento de futuros comportamentos violentos. A maioria silenciosa de adolescentes e jovens que observam a agressão de forma passiva, alertou Sónia Seixas, deve tornar-se uma “maioria educadora”.

Helena Gonçalves, Procuradora da República e chefe de gabinete da Procuradora-Geral da República, e Fátima Duarte, da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, falaram sobre “Sequelas da violência nas crianças - futuros agressores?” neste seminário que contou com a participação de mais de duas centenas de pessoas.
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