segunda-feira, 23 de junho de 2014

Bullying com sotaque quase tirou Cristiano Ronaldo de Copa no Brasil

Marcus Alves, de Manaus (AM), para o ESPN.com.br

O atacante nascido na Ilha da Madeira sofreu em seus primeiros meses em Lisboa
O atacante nascido na Ilha da Madeira sofreu em seus primeiros meses em Lisboa
Goleada de 4 a 0 para a Alemanha, expulsão de Pepe e lesão de Fábio Coentrão, fora da Copa. Não faltam problemas a Portugal. A situação poderia ser ainda pior, no entanto, antes do jogo decisivo contra os Estados Unidos, neste domingo, às 19h (de Brasília), na Arena da Amazônia, em Manaus. Para tentar conduzir seus companheiros, Cristiano Ronaldo, principal astro do time, teve de superar mais do que uma contusão: ele sofreu bullying por seu sotaque nos primeiros anos no futebol.

O craque do Real Madrid nasceu na Ilha da Madeira, em Santo António, Funchal. A cada refeição, nada de batata: pedia por semilha. Nos passeios com a família, andava de abelha e não de automóvel. Ou, então, ia à pata - o mesmo que a pé.
Ao deixar para trás o Nacional e se transferir para o Sporting em 1997, o atacante sentiu a diferença. A ausência da família, da mãe, do pai, dos três irmãos e ainda daquela forma peculiar com que seus conterrâneos se comunicam.
Em Lisboa, o melhor jogador do mundo viu o seu sotaque virar motivo de chacota entre os colegas.

Ao longo de sua primeira temporada, Cristiano Ronaldo tinha direito a folgas para visitar a família. Em uma delas, foi e não voltou. O seu padrinho, Fernão Sousa, um de seus principais mentores no futebol, teve de entrar em cena ao lado da mãe do atleta, Dolores.
"Os garotos de Lisboa marcavam os outros da Madeira pelo sotaque diferente. É uma linguagem um pouco arcaica, vamos dizer assim. O Cristiano teve, então, um pouco de dificuldade com isso. Ele era muito jovem, teve alguns probleminhas na escola, achavam que a sua pronúncia era estranha. Ele aturou muita gente, todo o mérito é dele", conta Fernão ao ESPN.com.br.


Ex-jogador, Fernão Sousa atuou nos dois primeiros clubes do atual campeão europeu - Andorinha e Nacional - e foi figura central nos primeiros passos do afilhado, intermediando, inclusive, a sua primeira transferência a um custo de apenas R$ 1,2 mil.
Nada disso, ele acredita, teria sido possível sem a força da mãe de Cristiano.
"Naquela época, o pai (José Dinis, falecido em 2005) tinha problemas com álcool. A mãe sempre foi o homem da casa, ela que criou e incentivou a permanência do menino no Sporting. Como dizemos em Portugal, ela é uma mulher de alma, a base de sustentação da família, uma pessoa incrível", afirma.
Dolores foi a responsável por colocar Ronaldo num carro e mandá-lo de volta a Lisboa num voo.
Paulo Bento agradece.
O técnico de Portugal viu a sua estrela ter uma atuação apagada na estreia. Mais por ineficiência dos companheiros - que não faziam a bola chegar até a ele - do que exatamente por falta de inspiração do craque. Ainda com dores no joelho esquerdo que o perseguem desde o fim da temporada, ele terá de superar mais esse desafio em sua carreira para colocar o país na briga por uma vaga nas oitavas de final.
"Temos um provérbio aqui na Madeira que diz que um andorinha só não faz primavera. Não existem outros no ataque com a mesma qualidade dele. Quando arranca, ele tem uma velocidade ímpar. Sem a bola, é diferente", analisa Fernão Sousa.
Cristiano Ronaldo terá de mandar os ganenses cascar batatas - irem embora - neste domingo. O confronto tem transmissão ao vivo dos canais ESPN e do WatchESPN.
FICHA TÉCNICA
PORTUGAL X ESTADOS UNIDOS
Local: Arena da Amazônia , em Manaus (AM) 
Data: 22 de junho de 2014, domingo 
Horário: 19 horas (de Brasília) 
Árbitro: Nestor Pitana (ARG) 
Assistentes: Hernan Maidana (ARG) e Juan Pablo Belatti (ARG)
PORTUGAL: Beto; João Pereira, William Carvalho, Bruno Alves e André Almeida; Miguel Veloso, Raul Meireles e João Moutinho; Nani, Eder e Cristiano Ronaldo
Técnico: Paulo Bento
ESTADOS UNIDOS: Howard; Johnson, Cameron, Besler e Beasley; Beckerman, Jones, Bradley, Dempsey e Bedoya; Johansson
Técnico: Jurgen Klinsmann

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