quarta-feira, 12 de julho de 2017

Prefeitura apura caso de coordenador que teria mandado mãe 'dar um jeito' no cabelo da filha em escola de Cuiabá

A mãe da aluna, o coordenador e os responsáveis pela escola devem ser ouvidos em uma sindicância. O caso foi relatado pela mãe em um post na web.
Por André Souza, G1 MT
Prefeitura de Cuiabá abriu uma sindicância para apurar o caso do coordenador de uma escola da rede municipal que teria aconselhado a mãe de uma aluna a "dar um jeito" no cabelo da filha. A mãe da aluna, Nayara Oliveira, fez um posto na web relatando o fato. Segundo ela, a filha de 11 anos tem sofrido bullying das colegas de classe por ter o cabelo crespo.

Segundo a prefeitura, durante o procedimento a mãe da aluna, o coordenador e os responsáveis pela unidade escolar devem ser ouvidos. A sindicância deve apurar, entre outras coisas, a conduta do coordenador.

Para Nayara, a situação vivida pela filha é racismo. "Todas as brincadeiras de mal gosto que fazem com ela sempre tem a ver com as características negras dela. Minha filha não aguenta mais tanto racismo e preconceito", declarou.

Ao G1, Carlindo Rodrigues, coordenador da Escola Municipal Constância Figueiredo Palma Bem Bem, alegou que não orientou a mãe a ajeitar o cabelo da filha e que houve apenas um aconselhamento para melhorar a auto-estima da menina.

A "sugestão", de acordo com a mãe, teria sido dada durante um telefonema do coordenador para a mãe, depois que a menina pediu para ir embora da escola.


Post na rede social

No post, a mãe da aluna relata que o coordenador sugeriu que ela "desse um jeitinho" no cabelo da filha como forma de evitar os contrangimentos e brincadeiras de mal gosto.

"Ele [coordenador] disse que ela já estava mocinha e era melhor fazer um penteado, levar no salão e dar um jeito. Fiquei muito indignada e consternada. Não vou alisar e nem mudar o cabelo da minha filha para que ela seja aceita pelas outras meninas", declarou.

O coordenador negou que tenha dado a orientação para a mãe. "A aluna está passando por uma situação de constrangimento na sala de aula, por causa do cabelo. A conversa informal com a mãe foi para melhorar a auto-estima da menina", afirmou o coordenador Carlindo Rodrigues.

A unidade afirmou que inseriu projetos no currículo obrigatório dos alunos para combater o bullying e orientá-los a respeitar as diferenças.

Além da sugestão, o coordenador da escola, segundo a mãe, teria dispensado a menina da última semana de aula antes das férias para evitar os apelidos e o sofrimento da criança.

"Que tipo de profissional é esse que ao invés de lutar contra o bullying sugere que eu adapte minha pequena às aparências de outras crianças, porque meia dúzia de crianças mal orientadas não têm capacidade de lidar com as diferenças", diz o trecho final da publicação.

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