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Os tempos mudaram, o Brasil está prestes a inaugurar a terceira presidência em um ano (Dilma, Temer e Rodrigo Maia), os maus hábitos grudaram nos costumes, como limo, as xingações ganharam roupa nova. Antigamente, quando surgia um novo palavrão, os agredidos se queixavam às mães ou aos professores. Era o velho bullying:
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— Ele me chamou de nome feio!
Hoje o mau exemplo chega direto do noticiário da vida cotidiana, a corrupção fazendo striptease pela tevê. O menino viu pela televisão os políticos estendendo a mão e embolsando um buquê de dinheiro, num flagrante explícito de propinoduto.
No dia seguinte, quando o pai gritou com a mãe, dizendo que não tinha dinheiro para comprar um carro novo, o menino estranhou:
— Paiê, cê é trouxa, é? Vai lá e pega um pouco com aquele homem que dá dinheiro pela tevê!
As crianças já não obedecem os mais velhos, escarnecem e agridem os professores, não escutam a não ser a própria rebeldia. Ninguém quer mais trabalhar; só ganhar na Megasena ou num outro meio qualquer – quem sabe aproveitando a confusão de um "arrastão".
As mães começam a ficar preocupadas com as criaturinhas ególatras, habituadas a perpetrar a sua chantagem de cada dia. Essas crianças até se parecem com aquele senador que paga horas extras nas férias. Ou ao deputado da base aliada que só vota ao abrigo de um "acordo" envolvendo as famosas "emendas ao orçamento", dinheiro real para ONGs fantasmas.
As crianças ainda não chegaram a esse grau de banditismo, mas estão aprendendo com o mau exemplo. Diante da ordem de escovar os dentes, logo depois do almoço, o garoto entrou no espírito de Brasília:
- E quanto é que eu ganho com isso?
O pai precisou recrudescer, levar o rebelde até o banheiro, e ficar ali, vigiando o cumprimento da ordem. O pior é que, assistindo ao noticiário de Brasília, os meninos estão aprendendo coisas feias na televisão. Um cursinho intensivo de palavrões, por exemplo.
Um aluno chamou o outro de "deputado". Repreendido pela professora, resolveu dobrar a ofensa. "Inticou" com os coleguinhas, chamando-os de "senadô¿. Chocada, a mãe do menino insultado foi se queixar com a amantíssima mãe do "agressor":
- Chamar uma criança de apelido, até que se compreende, é da idade. Tudo bem, mas chamar o meu menino de "ministro" e "deputado federal"? Assim também já é demais!
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