Pedro Henrique e Bruno Vocal - Fotos: arquivo pessoal
http://www.sonoticiaboa.com.br/2017/07/27/medico-atende-de-graca-musico-humilhado-por-obesidade/
Um médico endocrinologista se sensibilizou com a história de um músico de Brasília que chegou aos 179 kg, está desempregado, diabético e vinha sofrendo bullying por causa da obesidade.
O brasiliense Bruno Guedes – conhecido como Bruno Vocal – tem 34 anos. Ele canta desde 1999, foi produtor musical, radialista e teve três bandas na capital federal. Em uma delas fazia cover do grupo americano Pearl Jam.
Mas teve que largar a carreira promissora em 2009, depois que foi diagnosticado com diabetes tipo 2.
“Depois que fiquei diabético eu tive que abandonar esse trabalho de ficar viajando com banda por causa da má alimentação, a gente troca o dia pela noite. E todo mundo sabe que diabético é escravo de uma dieta e de uma noite bem dormida”, contou Bruno em entrevista ao SóNotíciaBoa.
“Em Jejum a glicemia estava batendo entre 300 e 500”, disse.
Longe dos microfones o músico foi trabalhar no comércio como gerente, vendedor de lojas de informática e tecnologia.. se virou para manter a vida até que ficou desempregado em 2016 e conheceu o significado da palavra humilhação.
Obesidade e bullying
“Eu fui humilhado mesmo. Cheguei a arrumar um emprego numa loja de informática onde a dona ria por eu calçar 48 e por eu estar acima do peso, no ano passado”, lembra.
Mas não foi a única. Ele conta que a cena se repetiu em uma loja de roupas.
“Nossa, você querendo trabalhar? Logo você?” “Nossa, (muitos risos e gargalhadas) aqui na minha loja não tem roupa e calçado pra você, como que você quer trabalhar aqui?””.
“Ah, desse tamanho o seu vale refeição deve ser de 50 reais por dia, não dou conta não”. foi a resposta para outra negativa de emprego.
“Com isso, juntando os problemas todos, fui ganhando mais peso. De 110kg pra 179kg deu uma enorme diferença. Tudo mudou pra pior, a saúde mental então nem se fala. Desenvolvi um quadro de depressão. mas consegui reverter a tempo”.
“Hoje eu já colho os efeitos da diabetes, como dificuldade pra sentir os dedos do pé esquerdo, ressecamento da pele e machucados e visão embaçada”.
O médico que ajuda
Quando estava quase perdendo a esperança, Bruno Vocal conheceu um médico de Brasília que estendeu a mão e aceitou tratar o músico de graça, desde que ele seguisse as orientações à risca.
Pedro Henrique Martins Leão, da Clínica MedCorpus, na Quadra 709 Sul, é endocrinologista pós-graduado e tem 29 anos.
Durante a entrevista descobrimos que ele ajuda muita gente. O médico reserva uma parte de sua agenda para atender gratuitamente pessoas que não têm dinheiro para pagar pelo tratamento.
“A cada 10 pacientes, um é trabalho voluntário. Não saio por aí oferecendo. Se não tiver [como pagar] eu ajudo. É uma demanda espontânea, não me nego a atender”, disse.
Além das consultas, orientações e amostras grátis de remédios, Pedro Henrique chega a pagar a manipulação de drogas para ajudar Bruno Vocal no tratamento.
O músico toma remédios para controlar a compulsão alimentar, o peso, o apetite, a glicose, o diabetes tipo 2, e vitaminas para a saúde, a imunidade… e já vem mostrando resultados.
“Sem fazer a cirurgia bariátrica perdi 14 kg em 40 dias”, comemora Bruno, que ainda tem uma longa meta pela frente.
“A meta é ele perder 60 kg e chegar a 100/110 kg, não menos que isso porque ele tem quase 2 metros de altura”, explicou o médico Pedro Henrique Martins Leão ao SnB.
O tratamento
“O tratamento é feito com Sibutramina, Bupropiona, Victoza, alguns manipulados e suplemetação à base de termogênicos, picolinato de chromo, BCAA e também medicamentos para eliminação de açúcar na urina”, lembra o cantor.
Mas, Bruno continua desempregado e não tem dinheiro. “Pra 1 mês de uso fica em torno de uns R$700,00 a R$800,00 o custo do tratamento. Ou seja, é um valor muito alto, fora os exames que terei que fazer mensalmente”.
“Hoje, estou pesando 151kg, preciso chegar aos 105kg pra me candidatar a uma cirurgia de remoção de pele (abdominoplastia) pela rede pública porque no particular essa cirurgia é muito cara”.
Vaquinha
Bruno abriu esta semana um crowdfunding no Vakinha pra tentar conseguir os 5 mil reais que precisa para concluir o tratamento.
“Resolvi fazer a Vakinha pra tentar me reerguer, pra voltar a acreditar em mim, pra que eu possa fazer o tratamento e chegar ao meu objetivo”, explicou o músico.
Pouca gente ajudou até agora, mas ele não perde esperança, nem a gratidão pelo médico Pedro Henrique Martins Leão.
“Ele tem sido um irmão pra mim. Tem me ajudando e muito”, lembra.
E Bruno não é o único. Ajudar é um princípio que o endocrinologista Pedro Henrique aprendeu cedo, na família.
“Meus pais eram muito caridosos. É um exemplo de casa. A vida já me deu tanta coisa, por que não retribuir ajudando quem precisa?”, concluiu o médico com esta pergunta, que deixa uma lição de solidariedade no ar.
Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa
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