Segundo longa-metragem da atriz francesa Mélanie Laurent é um thriller psicológico que trata sobre o perigos das amizades tóxicas durante a adolescência
por Xandra Stefanel, especial para RBA
Ter amigos é importante, mas querer manter amizades venenosas a todo custo, definitivamente não é uma boa ideia. Este é o mote de Respire, segundo longa-metragem da atriz francesa Mélanie Laurent (Inglórios Bastardos, de Quentin Tarantino), que estreia nesta quinta-feira (8) em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Maceió.
O filme, baseado na obra homônima de Anne-Sophie Brasme, conta a história de Charlie (Joséphine Japy), uma tímida adolescente de 17 anos que vive e estuda em um subúrbio na França. Sua vida estava bem tranquila até a chegada de uma nova aluna na escola. Sarah (Lou de Laâge) é o tipo de pessoa que todo mundo quer ter como amigo: bonita, inteligente, divertida, sedutora e cheia de histórias interessantes para contar.
Não demora nada para que as duas fiquem íntimas e para que Charlie deixe de lado a amiga de infância e uma certa inocência. Cansada do peso da relação dos pais, marcada por brigas intermináveis e choradeirasda mãe (Isabelle Carré), Charlie encontra na nova amiga um alívio para seus dias opacos.
O encantamento que Sarah causa é tanto que a relação entre as duas chega a ter ares de romance no início do filme. Atenção, carinho e até um beijo roubado dão a impressão que Respire será um filme sobre as descobertas sexuais típicas da adolescência. Mas não.
Elas não se desgrudam, mas a amizade começa a se transformar em algo pesado quando Charlie percebe que algumas coisas que Sarah conta não condizem com a realidade. Nasce uma desconfiança que não diminui em nada a perigosa dependência emocional que passa a existir entre as garotas. Tudo se complica ainda mais quando Charlie descobre o maior segredo da outra garota.
A máscara de menina divertida e descolada vai caindo e dá lugar à verdadeira face de Sarah: uma jovem narcisista e perversa que pega pesado nas humilhações e no bullying contra a amiga. Sem entender o que está acontecendo, Charlie deixa sua ingenuidade e sua insegurança falarem mais alto e, mesmo sendo mal tratada, acaba sempre perdoando.
Suas notas despencam, suas crises de asma pioram (daí o nome do filme) e sua vida parece não fazer mais sentido. Seu desconsolo é mais do que evidente mas, mesmo assim, ninguém intervém, nem na escola nem na família.
Respire consegue deixar o espectador à flor da pele do início ao fim. A tensão e o mal estar causados por esta relação venenosa vêm não apenas pela (ótima) qualidade do longa, mas também pela facilidade de identificação com o tema.
Quem nunca se viu em um relacionamento tóxico pelo menos uma vez na vida? Exatamente por ser realista e aterrorizante, o longa de Mélanie é uma ótima ferramenta de reflexão e discussão sobre os perigos do bullying e dos assédios tão comumente vivenciados na adolescência.
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