Álvaro Leal do Portal Amazônia
Todas as vezes que recebo pais na sala da diretoria falando sobre bullying eu me pergunto: será que este pai sabe realmente do que está falando? Este tema tão discutido entre os profissionais da educação, pais e sociedade ainda traz muitas dúvidas. A palavra Bullying é “um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder” (fonte: Wikipédia). Porém, o que se vê hoje em dia é que para muitas crianças e pais tudo que gere um desagrado para o aluno ou para a sua família passa a ser chamado de bullying. É muito importante ressaltar desta definição acima a palavra “REPETIDOS”, pois somente pode-se falar de bullying quando há situações contínuas, uma vez que eventuais conflitos ou divergências de opiniões entre os alunos fazem parte do processo de crescimento e aquisição de maturidade deles.
Uma vez, João, um aluno do quarto ano disse-me: “professor, o fulano está fazendo bullying comigo, pois eu estava andando e tropecei nele”. Ora, vamos primeiramente averiguar os fatos: o colega fez propositalmente? Com que frequência isso vem acontecendo? O que João pensava sobre o colega? Que relação João vinha estabelecendo com esse colega? Nesse caso específico foi constatado que essa situação não passava de um acidente e que o colega de João nada tinha feito para que João tropeçasse. Observe como uma situação tão rotineira e tão comum nas escolas como um tropeção passa a ter um peso tão cruel como a do bullying. A preocupação é não banalizar o que realmente é bullying e procurar identificar, junto à escola, o que vem acontecendo com seu filho.
Um ponto importante do qual eu chamo atenção é para o bullying virtual, no qual os alunos utilizam grupos de whatsapp, facebook, skype e outras redes sociais para difamar uma terceira pessoa. São exemplos desta modalidade de bullying: falar mal de colegas, enviar fotos com objetivo de difamar alguém, criar montagens, criar histórias maldosas, ou qualquer ação feita via rede social ou mensagens para prejudicar outra pessoa. Esse bullying vem tomando proporções enormes e parece estar cada vez mais fora do controle dos pais e da escola. Como procurar conter esse tipo de ação quando muitas das vezes os pais não tem acesso às redes sociais dos filhos? As duas palavras que respondem a essa pergunta podem parecer simples, mas depende de muito esforço por parte dos pais: CONVERSAR e ORIENTAR. É como mandar a criança escovar os dentes diariamente, ou seja, é cansativo. Deve-se estar atento para que os jovens não venham a cometer erros que podem resultar em danos profundos para quem sofrer o bullying.
Pensando nisso, seguem algumas dicas aos pais do que pode ser feito para evitar que seu filho esteja envolvido no bullying virtual:
Grupos de “Whats app” – Esta ferramenta, criada para facilitar a comunicação, possibilita a criação de grupos de pessoas em uma única sala de bate-papo. Observamos que muitos jovens participam de grupos de “whats app” e por vezes são nesses grupos que há a difamação ou “fofoca” envolvendo uma terceira pessoa. Se seu filho ou sua filha possui celular com acesso a esse aplicativo procure saber de quais grupos ele faz parte e com quem ele mantém comunicação. Lembre-os sobre o que a fofoca pode gerar e o prejuízo que pode trazer à vida da pessoa difamada. Veja se há adultos em grupos onde há somente crianças ou adolescentes. Identifique se há a presença de professores ou alguém da escola no grupo e sempre que possível leve o caso até a coordenação. Uma situação que vem ocorrendo em muitas escolas é um grupo de alunos se unirem para criar grupos no “Whats app” trazendo no titulo a difamação do colega. Por exemplo: “Maria piolhenta”, “Mário Burrão”, “Nós odiamos Paula Silva”, “Ninguém aguenta Rafael Lucas”, etc. Lembrem-se de que a participação do seu filho nestes tipos de grupos já representa uma discriminação e a sua permissão demonstrará que você está conivente com isso.
Facebook – Esta ferramenta faz parte do nosso mundo virtual e negá-la pode não ser a melhor opção. No entanto, o gerenciamento e acompanhamento das ações que os jovens realizam nesta rede social é muito importante. Grupos de bate-papo também podem ser formados no facebook, bem como o envio de imagens e mensagens “inbox”, ou seja, reservadamente para uma pessoa. O cuidado que se deve ter é para evitar com que o jovem faça comentários indevidos em fotos ou vídeos ou que crie um perfil falso para se passar por outra pessoa com o interesse de prejudicar alguém.
Skype – Esta ferramenta permite o envio instantâneo de imagens de câmera e voz facilitando a comunicação entre pessoas que estão distantes. A criação de contas fictícias também pode ser realizada no skype, o que possibilita que uma pessoa se passe por outra para gerar conteúdo, ou mesmo fazer bullying, sem ser reconhecida. O problema neste caso é que descobrir o autor dessa façanha pode ser demorado e com poucos resultados.
Em todos os casos, excluir conversas é possível e geralmente é utilizado para “apagar as pistas” de algum erro cometido. Na dúvida, converse sempre com seu filho e exponha sua preocupação com o envolvimento dele no bullying virtual. Em poucos instantes e com um único clique ele pode realizar ações virtuais que prejudiquem e marquem outra pessoa para o resto da vida.
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