segunda-feira, 3 de junho de 2013

Problemas no kit bullying que será distribuído nas escolas podem afetar compreensão de alunos

Material será distribuído em 2014 em todas as unidades da rede pública de SP
Do R7

Cartoon

"Muitas vezes, ignorar as ofensas ou intimidações permite 
que se tornem mais graves" - 


“Kit Bullying” criado em parceria com a Cartoon Network e a Secretária de Educação de São Paulo será distribuído em todas as escolas da rede pública. O objetivo é mobilizar toda escola, alunos e professores ao compromisso “Chega de bullying, não fique calado”, mas especialistas apontam questões que precisam ser melhoradas no material.
Uma delas, comentada pela doutora em Educação da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais Miriam Abramovay é a poluição visual e a linguagem das apostilas.
— O material é bem escrito, mas muito poluído com frases algumas vezes difíceis para o ensino Fundamental.
As apostilas, já disponíveis no site da campanha Chega de Bullying, estão separadas em unidades para os pais, outras para alunos de acordo com o ano escolar, e outra para professores e diretores.
No material para os pais, por exemplo, estão dicas para perceber o que acontece com o filho, quais comportamentos comuns de uma criança que sofre com a violência na escola e o que fazer. Um deles é o de não dizer ao filho para ignorar o bullying. “Se a criança ou adolescente fosse capaz de simplesmente ignorar, não haveria dito nada a respeito. Muitas vezes, ignorar as ofensas ou intimidações permite que se tornem mais graves”
Para Miriam, as apostilas ainda precisam esclarecer alguns pontos.
— Não fica claro como vão aplicar levar o material às escolas e todo o processo de mobilização sobre o tema.
Kit

Já a coordenadora pedagógica do ensino fundamental do colégio Magister, Ângela Borges, acredita que o Kit Bullying sensibiliza a interferência do educador, e afirma:
 — Não basta dar [o kit] na mão dos professores. É preciso sensibiliza-los, falar da importância da intervenção de um adulto e como isso faz diferença na formação dos alunos. Essas crianças estão em formação da rede cognitiva e afetiva. Se não explicar isso ao professor, ele vai pensar que deixar de dar aula para discutir isso é perda de tempo.
Ângela conta que o colégio em que trabalha tem um projeto chamado Professor Tutor.
— Ele dá duas aulas semanais em que trabalha valores. São projetadas situações hipotéticas em que as crianças dizem como se sentiriam. Cada vez mais os alunos se posicionam nessas aulas. É preciso enfrentar a situação do bullying pela raiz da agressão. O silêncio é a pior coisa que pode acontecer.
A campanha
O coordenador do sistema de proteção escolar da rede pública de São Paulo, Felippe Angeli, conta que quem coordena da campanha do Kit Bullying é a produção do canal de TV Cartoon Network.
— Eles contrataram especialistas da América Latina para criar o guia, que foi criado primeiramente em espanhol. E nós indicamos uma especialista, Cléo Fun, para fazer a tradução e adaptação para a realidade brasileira. A ideia é que as pessoas se comprometam a lutar por esta causa.
Professor mediador
Outra ação para combater a violência nas escolas da rede é a criação do professor mediador. O projeto começou em 2010, com 1.000 docentes, e atualmente soma 2.700 mediadores. 
— Ele não dá aula. Mas faz diversas atividades pedagógicas com temas relacionados aos principais problemas da escola, o bullying é um deles.
Para ser um mediador, o professor precisa passar por um treinamento de 80 horas. O curso é obrigatório, e em caso de falta de participação ele não continua no projeto. Além disso, existe uma formação continua na diretoria de ensino.
Colaborou Jéssica Rodrigues, estagiária do R7 

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