domingo, 4 de outubro de 2015

REFLEXÃO SOBRE O BULLYING: EM CAMPO DE BATALHA (PARTE 2)

Se alguém lhe dissesse que a escola é um campo de batalha acreditaria? Esta é a segunda parte de uma reflexão acerca do bullying.

A socialização faz parte do processo. Crescer e impormos a nossa vontade. É uma questão de hierarquia e todo o ser humano quer estar no topo da pirâmide. É aqui que se colocam algumas questões tribais: Juntar-se aos poderosos ou sofrer com os mais fracos? O medo do desconhecido ou do diferente também se impõe de forma grotesca. Neste artigo continuamos a fazer uma reflexão acerca do bullying.

"És tão esquisito", "Seu gordo imbecil", "Sai da frente paneleiro!", "Aquela gaja é uma pega, nem imaginas!...". Apesar de diferentes estas quatro frases têm um denominador comum: a humilhação. E é precisamente da humilhação que o bully se alimenta. Quanto mais humilha o colega mais fraco, mais rapidamente irá mostrar o seu poder. Após ver o quanto o elo mais fraco sofre, os restantes tentam afastar-se: juntar-se aos poderosos é o caminho mais fácil para chegar ao topo da pirâmide.

Tal qual soldados, as crianças marcham cegamente para um campo de batalha. Chegados de mochila às costas, está na altura de colocar as suas máscaras e prepararem-se: o inimigo aproxima-se e é hora de fuzilar ou ser fuzilado.
Como se não bastasse esta imposição de hierarquias através da escola, o mesmo acontece nas actividades extra-curriculares. É no campo de futebol, no estúdio de dança ou no clube de natação que a hierarquia é mais uma vez imposta. Um golo por fazer, um passo por aprender ou um mergulho mal feito poderão ser o bastante para colocar uma criança normal no papel de vítima. Ser deixado de lado é por si só uma forma de bullying. E como poderá uma criança explicar aos seus pais que está a ser posta de parte? "Tens que te tentar integrar", será a resposta. Quais serão as opções? Será que o bullying social dói tanto quanto o físico? Dói mais. Perder os amigos é uma coisa impensável para qualquer criança ou jovem.

Sem que se apercebam uma nova guerra começa, e está apenas à distância de um clique. O novo fenómeno de bullying, o cyberbullying é uma ameaça constante. Está tão perto da vítima quanto um SMS poderá estar. Mas será que para parar estas humilhações on-line basta que se desligue o botão? Fechar o computador poderá parecer a solução ideal não fosse o tempo on-line parte integrante do tempo da criança ou adolescente. Raros são os adolescentes que vivem desligados do mundoon-line por mais que uma hora por dia.
Começar o dia com um Tweet, partilhar a fotografia do seu pequeno-almoço no Instagram ou simplesmente gostar da foto de um amigo, faz tão parte da rotina quanto lavar os dentes ou pentear o cabelo. A forma de mostrar poder através de roupas de marca é rapidamente substituída pela ostentação de aparelhos electrónicos topo de gama. Mas e se nos humilhassem de forma permanente? Será que perceberíamos o tormento que o cyberbullying representa? Os números não mentem: A nível mundial é o cyberbullying a principal causa de suicídio e depressão em crianças e jovens. A segunda? O bullying psicológico. Então como desligar a rede? Veremos no próximo artigo.

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