quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Bullying e má relação com os professores colocam a Inglaterra em penúltimo lugar no ranking de felicidade

Estudo: crianças inglesas são as mais infelizes na escola

Crianças inglesas são as mais infelizes na escola em comparação com jovens de outros 14 países, segundo pesquisa anual daChildren’s Society em parceria com a Universidade de York. E o bullying seria o principal ingrediente para acabar com o bem-estar dos jovens no ambiente educativo. As informações são do The Guardian .

Pesquisa aponta que meio milhão de crianças entre 10 e 12 anos sofrem algum tipo de abuso físico no colégio
Foto: iStock

De acordo com os dados, meio milhão de crianças entre 10 e 12 anos sofrem algum tipo de abuso físico no colégio e 38% dos jovens já foram agredidos por seus colegas de classe no mês anterior à pesquisa. O resultado disso é, que em comparação com outras nações, as crianças inglesas são as mais infelizes no colégio, ficando atrás de alunos de países como Etiópia e Argélia.

Matthew Reed, chefe-executivo da Children’s Society, diz que “é muito preocupante que as crianças neste país estejam tão infelizes na escola em comparação com outros lugares, e é chocante como milhares de jovens sofrem bullying físico e emocional. Escolas deveriam ser um local seguro, não um campo de batalha.”

A pesquisa é baseada nas respostas de 53 mil crianças entre 10 e 12 anos na Inglaterra, Alemanha, Noruega, Coreia do Sul, Polônia, Estônia, Espanha, Turquia, Romênia, Argélia, África do Sul, Israel, Etiópia, Colômbia e Nepal.

As crianças inglesas também são as que mais se sentiram excluídas pelos colegas no mês anterior à pesquisa, que ainda indica que é 50% mais provável que meninos sofram agressões e que as chances de exclusão são 40% maiores para meninas.

É 50% mais provável que meninos sofram agressões nas escolas, segundo dados da Children’s Society

O estudo mostra a diferença entre as experiências das crianças nas escolas primárias e secundárias. Quando estão no sexto ano, 61% dos alunos dizem gostar da escola, mas o número cai para 43% quando estão no oitavo ano.

Ficou demonstrado que as crianças inglesas estão mais infelizes com suas vidas do que os outros 13 países, perdendo apenas para a Coreia do Sul. Em contrapartida, a pesquisa mostra que os ingleses são os mais satisfeitos em outros cinco quesitos: amizades, dinheiro, bens materiais, relacionamentos com pessoas que não moram com eles e com a polícia local.

Como resultado, a Children’s Society está chamando a atenção do governo para que seja obrigatória nas escolas a presença de conselheiros e quer que estes espaços ajudem a melhorar o bem-estar das crianças, combatendo o bullying e promovendo mais exercícios físicos. “Apesar do longo período de austeridade, somos uma das nações mais ricas do mundo e ainda assim nossas crianças são as mais tristes”, comentou Reed.

Ele observa ainda que elas estão infelizes em suas escolas e tendo dificuldade com a aparência e autoestima. “Precisamos urgentemente encontrar um jeito de tornar as crianças mais contentes com suas vidas e evitar um acúmulo de problemas para o futuro. Fornecer uma boa infância deveria ser nossa prioridade”, finalizou o chefe-executivo da instituição.

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“Bullying destroi a alma”
Tamanna Miah, 22, está no terceiro ano da faculdade, mas ainda carregas marcas físicas e emocionais do bullying e racismo que sofreu na escola.

Ela era a única criança não branca de seu colégio, no condado de Kent, Inglaterra, e sua origem em Bangladesh era motivo de piada para seus colegas. E tudo isso começou quando ela ainda tinha quatro anos. “As pessoas me provocavam por causa da minha aparência física, cor... Faziam de tudo para tornar minha vida um inferno. Colocavam apelidos maldosos, além de encher meu cabelo de palitos, lixo e chiclete mascado.”

Miah conta que os colegas também a perseguiam e a empurravam contra a parede. O conselho dos professores frequentemente ignorava, mas alguns chegaram até a duvidar de suas histórias. “Isso tudo destruiu minha alma. Sei o quanto sofri e não quero que ninguém tenha que passar por isso. Como resultado, tive depressão e ansiedade”, conta.

Pensamentos suicidas também apareceram com o tempo e o que alguns chamam de “apenas brincadeiras”, abalaram sua autoestima e confiança. “Não podia conversar com meus pais e os professores não entendiam”, disse. “Atualmente as escolas têm mais políticas (contra o bullying), mas parece que isso é algo normal da infância. Precisamos quebrar este ciclo. Não é normal. Acho que as pessoas não percebem o quão destrutivo isso é”, conclui a estudante.

Terra

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