terça-feira, 16 de setembro de 2014

Professores e acadêmica falam sobre ''O fenômeno do bullying''

Fonte: Correio do Estado

Francesca Clara da Silva Alkmin Acadêmica de Administração (franalkmin@gmail.com) Cleston Alexandre dos Santos Professor (cleston.alexandre@ufms.br) Marçal Rogério Rizzo Economista e professor (marcalprofessor@yahoo.com.br)


Quando pensamos em “bullying”, que imagem vem à mente?  Certamente algo de ruim! O tema se fortalece a partir de algumas inquietações, em especial os atos de violência que ocorrem nas escolas e aqueles que pululam na sociedade de uma forma geral. Essas atitudes violentas de agressores que buscam inferiorizar o outro e impor-se sobre eles podem causar graves transtornos emocionais, deixando marcas irreversíveis no agredido.
O uso do termo “bullying” é novo, porém, o fenômeno em si e os atos que deram origem a esse uso e deixam marcas e sequelas já são praticados há muito tempo. Trata-se, em geral, da manifestação de preconceitos em relação a traços ou comportamentos situados nos dois extremos daquilo que se costuma conceber como “normalidade”, como, por exemplo: pessoas que apresentam timidez, ou mesmo aquelas que possuem certa euforia; pessoas obesas ou então muito magras; carecas ou com cabelo com corte ou cor diferente; enfim, tudo aquilo que foge do padrão criado pela própria sociedade tende a sofrer algum tipo de “bullying”, prática em outros tempos referida por termos do tipo “zoar” ou “tirar o sarro”. Quantos apelidos já foram dados a meninos e meninas nas escolas do mundo?
É importante entender, porém, que o fenômeno encontra-se em fase de discussão por diversos segmentos da sociedade, sejam nossos representantes legislativos - vereadores, deputados e senadores - sejam entidades de classe e Organizações Não Governamentais.
Isso prova mais uma vez que nossa sociedade ainda não está pronta para a tão sonhada equidade ou o tão almejado respeito mútuo. Assim, exige mudanças e estas são articuladas a partir do debate e do diálogo. Notam-se as inquietudes sobre o aprofundamento da temática direcionando o foco para o prisma humanístico, e, para isso, é necessário um trabalho que parta da educação, no que respeita às normas sociais e ao ensino escolar, em estreito relacionamento com leis e normas do âmbito do ordenamento jurídico.
No caso do Brasil, especificamente, estamos assistindo a mudanças no cenário legal, com a formulação de leis para que a sociedade respeite os diferentes, com a perspectiva de que, em breve, estaremos criminalizando a prática do bullying. Mas onde ficaria a educação de berço? E o exemplo dos pais e da própria família? A estruturação e o fortalecimento de ações preventivas no núcleo familiar são fundamentais, mas, para muitos, essa prática ainda não é algo temerário ou temível. Há até quem diga que é “bobagem” falar em bullying, desconsiderando que essa forma de violência é caracterizada por diversas formas de maus-tratos psicológicos, verbais e físicos. Esses atos são executados pelo agressor – que pode ser uma pessoa ou grupos – de forma intencional e repetitiva, com o propósito de mostrar disparidades de “poder”.
O fato é que é comum encontrar pessoas adultas (senão já idosas) que ainda sentem o peso do preconceito e das sequelas de algum ato dessa natureza sofrido na infância ou adolescência.
Não se trata, portanto, de uma mera “bobagem” envolvendo agitação entre crianças e adolescentes.
O locus prioritário para a ocorrência de bullying é, sem dúvida, a escola, em acirrada concorrência com o espaço dos amigos e da família. Assim, todos devem ficar atentos para a prevenção ou correção dessa prática, tendo como base primeira a educação, na família e na escola, a fim de que não seja necessária a aplicação da lei (embora ainda incipiente), a não ser em casos extremos.
Consolida-se também a ideia da inclusão de todas as pessoas diferentes tomando como ponto de partida a convivência pacífica e o respeito com o outro.

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