sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Menina de 11 anos que sofria bullying leva projeto de poesia à comunidade

'Montando Versos' oferece oficinas ao público infantil de Petrópolis, no RJ. Autora lançou o primeiro livro “De um ponto eu traço o conto” este ano.


Do G1 Região Serrana

Rodas de Leitura do projeto de menina de 11 anos motiva outras crianças em Petrópolis (Foto: Divulgação)Nos encontros, elas promovem rodas de leitura
(Foto: Divulgação)

Uma menina de 11 anos, que sofreu bullying na escola onde estudava, conseguiu transformar sua dor em poesia e está transformando a vida de um grupo de crianças de uma comunidade carente dePetrópolis, na Região Serrana do Rio, atráves de um projeto idealizado por ela. Julia Travassos, que já tem um livro publicado, está oferecendo oficinas gratuitas de poesia para as crianças do Meio da Serra com o  principal objetivo de incentivar as crianças a escrever, ilustrar e declamar poesias e contos poéticos livres. A iniciativa, chamada “Montando Versos”, é coordenada pela mãe da autora mirim, Verônica de Mello.

O universo literário está presente na vida da jovem autora desde muito cedo. Ela escreve contos e poemas desde os 6 anos de idade. O primeiro livro, lançado em março deste ano, intitulado “De um ponto eu traço o conto”, foi escrito junto com a mãe, que também é escritora. A experiência tem sido tão proveitosa, que ela decidiu compartilhá-la com as amigas do bairro, que não tinham a oportunidade de desenvolver a arte.
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Projeto de menina de 11 anos motiva outras crianças em Petrópolis (Foto: Divulgação)Projeto de menina de 11 anos motiva outras
crianças em Petrópolis (Foto: Divulgação)
“Eu estava ouvindo a minha mãe no telefone, ela falava sobre poemas com uma amiga. Foi quando tive a ideia de me reunir com minhas colegas aqui do bairro, para também fazermos poesia. Na mesma hora veio na minha cabeça o nome do grupo: Montando Versos. Pedi ajuda a minha mãe e começamos a nos reunir”, conta Julia.

No início, os encontros ocorriam na casa da família da Júlia. Para incentivar a jovem, a mãe passou a coordená-los, promovendo leituras poéticas e explicando os conceitos de prosa, trova e poesia. O espaço ficou pequeno e o grupo aumentou. Hoje, são 10 crianças que se reúnem todas as sextas-feiras em uma sala de um shopping, cedido ao projeto beneficente, no Alto da Serra. Elas vão para o  encontro de ônibus de linha e, ao término das aulas, retornam para o bairro de táxi, para garantir maior segurança, tudo custeado por Verônica.
Nos encontros, os poetas mirins desenvolvem textos com um mesmo tema. Versos são selecionadas de cada um deles. Nesse processo criativo, a coordenadora realiza combinações entre eles, e monta uma poesia ou conto poético em várias mãos.

“As crianças começaram a desenvolver os textos e estimular a criatividade. Todas apresentaram melhoras na língua portuguesa e os resultados já foram sentidos pelos pais e professores na escola. É muito recompensador ver que este trabalho tem ajudado essas crianças a desenvolverem seus talentos e contribuído para que possam aperfeiçoar suas habilidades de escrita e até mesmo de socialização. Minha filha e eu temos nos mantido firme no propósito de contribuir com nossa comunidade, mesmo não tendo ajuda nenhuma”, comenta Verônica, que pretende lançar um livro, com os poemas criados pelas crianças, no próximo ano.
Superando o bullyng
Segundo a mãe da menina, Verônica de Mello,  a pequena Julia começou seu amor pela poesia e pela escrita depois de ter sofrido bullying no colégio onde estudava. O projeto que desenvolve agora, o “Montando Versos”, é resultado de toda sua transformação, após ter superado toda dor através das palavras, com o uso de papel, caneta e computador.
" Minha filha, com  apenas 10 anos sofreu bullying na escola onde estudava. Um menino começou a chamar minha filha de jubão por causa de seu cabelo ser cheio, depois disso ela prendeu o cabelo para ir as aulas, não satisfeito o mesmo menino começou a chama-la de sherek. Minha filha, com uma enorme frustração, chegou um dia em casa e não quis mais voltar a escola.  E, sem ao menos me dizer o motivo, simplesmente se fechou em seu quarto por dois dias muito triste, sem se alimentar direito e chorando muito. Eu e meu esposo sem saber o que fazer chegamos a ir na escola e procurar a direção sem sucesso, pois nem a professora e as diretoras sabiam do ocorrido. Chegamos a pensar numa ajuda psicológica. Foi aí que, como escritora, tive a ideia de falar com ela se queria escrever sobre o que havia acontecido, nisso ela se levantou da cama e foi para o computador abriu o word e começou a escrever um conto que nomeou de 'A menina que se achava a mais feia do mundo'.  Foi ai que ela encontrou um meio de desabafo e praticamente exorcizou seu sofrimento, mudando completamente. Nesse mesmo dia já começou a se alimentar e falou para nós que estava se sentindo melhor. ", contou.

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