domingo, 19 de dezembro de 2010

Bullying assume novos contornos através da internet

António Augusto, director da Escola Secundária de Lousada

Contactado pelo TVS, António Augusto, director da Escola Secundária de Lousada, evitou fazer comentários sobre situações concretas que tenha vivido ou acompanhado pelos órgãos de comunicação social, mas acedeu falar sobre o fenómeno do bullying. Para este dirigente escolar o termo é novo mas o problema tem atravessado pretéritas gerações; "Parece-nos que tem hoje maior visibilidade, porque é naturalmente amplificado por duas ordens de razões: os meios de comunicação social, mais atentos aos problemas correntes, devido à concorrência que a massificação do consumo informativo sofreu, e pelo facto de as sociedades e as famílias serem muito mais protectoras e os nossos filhos, criados nestes contextos, terem uma menor tolerância à frustração e às adversidades. Nos dias de hoje, o bullying assume novos contornos, devido a novos meios tecnológicos generalizados na população juvenil, telemóveis, internet (cyberbullying), o que por vezes torna difícil a tarefa de identificar e responsabilizar o agressor".

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Agressores

Para António Augusto, quando existem múltiplos agressores que desempenham intermitentemente esse papel, a situação pode ter um carácter mais difícil não tendo a agressão contornos físicos definidos. "Quando os agressores são bem identificados e a situação é explícita, isto é, os agressores têm alguma dificuldade em negar a agressão, principalmente quando assume também um carácter de violência mais física, exige de quem tem responsabilidades pelo governo da escola, e toma conhecimento do problema, uma reacção rápida e enérgica, no sentido de sanar a situação. Mas, muitas vezes, estes problemas têm um carácter mais difuso, com múltiplos agressores que desempenham intermitentemente esse papel, não tendo a agressão contornos físicos definidos, em que os próprios agressores não têm perfeita noção da extensão da maldade que estão a fazer à vítima. Esta situação é mais complexa e tem forçosamente um tratamento mais cuidado, que passa por consciencializar os agressores do mal que estão a fazer e cooptá-los. Nesta situação o trabalho é mais delicado, mais moroso, envolve mais actores, não tendo uma resolução de um dia para o outro, como vítimas e encarregados de educação legitimamente anseiam.

Obviamente que, quer numa quer noutra situação, o trabalho com a vítima no sentido de a capacitar para resistir, reagir e denunciar é determinante", acrescentou referindo: "Não me parece, também, que sejam fenómenos que estejam directamente relacionados com a escola, simplesmente ocorrem na escola com expressão mais significativa, porque é aqui que os jovens permanecem mais tempo e, para muitos deles, os seus contactos com pares resume-se ao contexto escolar".

Miguel Ângelo - diretamente de Portugal

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