RESLEY SAAB
Postado em 11/08/2014
As imagens de duas estudantes saindo aos ‘tapas’ na saída da Escola 15 de Junho, em Senador Guiomard (a 25 quilômetros de Rio Branco), correram as redes sociais e foram destaque nos principais sites de notícias regionais, na semana que passou. Um levantamento do Policiamento Escolar – uma divisão da Polícia Militar do Acre – mostra, no entanto, que houve uma redução nos casos de violência no âmbito do espaço escolar no Acre, embora eles continuem.
No ano passado, em Rio Branco, somente nos primeiros quatro meses, ao menos 414 casos de agressões envolvendo alunos foram registrados. Mas um estudo mais aprofundado com base numa análise por região mostrou que numa determinada área da cidade ocorreram muito mais casos do que em outras.
Estima-se que esses números tenham caído consideravelmente, sobretudo, após palestras e atividades voltadas ao problema.
“A maior parte dos casos são de bullying”, relata a coordenadoria-geral do Policiamento Escolar, em relatório sobre os casos.
O termo vem do inglês bully, que significa “valentão”. Bullying então é o ato da covardia feita pelo tal “todo-poderoso”, geralmente permeado de violência física ou psicológica, e repetidos por várias vezes.
Há um consenso entre os especialistas que 20% dos casos de violência no ambiente da escola, os estudantes são tanto vítimas quanto agressores de bullying. Eles cometem, mas também são vítimas de assédio.
“O problema se agrava quando a situação descamba para a agressão extrema”, ressalta o sargento da Polícia Militar, Reginâmio Bonifácio, coordenador administrativo da Guarda Mirim, uma das mais novas armas contra esses tipos de violência.
Ele afirma que o problema é contornado com um trabalho de educação extraclasse que envolve motivação e diálogo com os familiares desses jovens.
Descaso familiar e drogas contribuem
Além desses fatores, há outros em jogo que estimulam a violência: a rebeldia desregrada pela falta de controle dos pais que converge para a droga e o álcool.
Além desses fatores, há outros em jogo que estimulam a violência: a rebeldia desregrada pela falta de controle dos pais que converge para a droga e o álcool.
Muitas vezes não há interesse da mãe ou do pai de saber como anda a vida escolar do filho e alguns até apoiam atos violentos. Esse é um fator levado em conta, por exemplo, pelo Programa Educacional de Resistências às Drogas, o Proerd, também tocado pela Polícia Militar.
Em 14 anos, o programa já formou mais de 110 mil replicadores de cidadania. Jovens que tinham tudo para enveredar na marginalidade, cujas energias foram canalizadas para o bem.
Em Rio Branco e cidades do interior onde está uma equipe do Proerd, segundo dados do próprio programa, o uso de cigarro e álcool no âmbito escolar varia de 1,5% a 2%, contra 6% nas escolas que ainda não dispõem de instrutores.
Com os indivíduos são aperfeiçoados a autoestima a médio e longo prazo, permitindo-lhes um salto de qualidade.
O problema é quando esses adolescentes ‘escapam’ do ensino fundamental sem ter se beneficiado do programa. É o caso dos que insistem em brigar no ensino médio, onde o Proerd não está.
A boa notícia é que um encontro recente entre promotores do Ministério Público do Estado do Acre, representantes do Juizado da Infância e da Juventude e o Policiamento Escolar definiu metas de abordagens a esses estudantes e, principalmente, o acompanhamento deles no seio familiar.
Guarda Mirim
Trabalho recente da Polícia Militar, integrado com a Polícia Escolar, a Guarda Mirim já sinaliza como uma luz no fim do túnel da redução dos índices de violência no Recanto dos Buritis.
Trabalho recente da Polícia Militar, integrado com a Polícia Escolar, a Guarda Mirim já sinaliza como uma luz no fim do túnel da redução dos índices de violência no Recanto dos Buritis.
A região até pouco tempo considerada umas das mais violentas, era motivo de preocupação para os órgãos de segurança, mas não já registra conflitos extremos no perímetro das escolas.
Em escolas como a Professor Josué Fernandes e Jornalista Chalub Leite, jovens entre 14 e 17 anos, antes aliciados pelo tráfico são hoje recrutados ao batalhão do bem da Guarda Mirim, de onde podem, inclusive, participar de cursos profissionalizantes.
Agora mesmo, 120 jovens estão tendo disciplinas extras de boa convivência na comunidade e já optaram por cursos como o de agente de endemias e auxiliar administrativo.
A ideia da Guarda Mirim é formar adolescentes preparados para atuar em favor da própria comunidade onde residem. A lógica é que eles canalizem suas forças para o bem. Por enquanto, a nova instituição vem obtendo êxitos significativos.
Estima-se que houve uma diminuição de 80% dos casos de violência entre indivíduos na própria escola.
Adicionando a estes números os mais de 560 bombeiros mirins do Corpo de Bombeiros, é possível vislumbrar que se é impossível estancar as agressões sofridas pelos estudantes, há o trabalho incessante das instituições de reduzir ao máximo essas situações.
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