Além dos efeitos na saúde mental, o estresse crônico causado pela perseguição e intimidação afeta hormônios, metabolismo e processos inflamatórios
Por: Correio Braziliense
Uma extensa revisão de estudos permitiu pesquisadores norte-americanos a concluir que o estresse crônico causado pelo bullying na infância aumenta o risco de a pessoa desenvolver, quando adulta, doenças sérias , como problemas cardíacos e diabetes.
"Nós encorajamos que profissionais de saúde analisem os efeitos do bullying tanto na saúde mental quanto na física", afirma Susannah Tye, uma das autoras da pesquisa, publicada na edição de março e abril da revista de psiquiatria da Universidade de Harvard. No trabalho, ela e colaboradores citam mais de 100 trabalhos sobre o tema publicados anteriormente.
Segundo o estudo, sintomas físicos inexplicados e recorrentes podem ser um sinal de que a criança está sendo intimidada ou perseguida. Tye ressalta a necessidade de considerar os processos biológicos que ligam esses sintomas psicológicos e fisiológicos, incluindo o potencial impacto na saúde a longo prazo.
Tye explica que, em situações rápidas de estresse, o corpo humano consegue lidar com o desafio e logo volta para o padrão normal. Com o estresse crônico, o processo de recuperação pode ser incompleto e sobrecarregar o organismo, resultando em mudanças nos sistemas inflamatório, hormonal e metabólico. Com o tempo, essas alterações fisiológicas contribuem para o desenvolvimento de doenças como depressão, diabetes e problemas cardíacos.
Além disso, a exposição ao estresse nos primeiros anos de vida pode afetar o modo como o organismo reagirá a situações de estresse no futuro. Em parte, isso ocorre devido a mudanças no gene relacionado a exposições ambientais. Por outro lado, a situação recorrente de estresse também pode diminuir a capacidade da criança desenvolver resiliência.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado a relação do bullying com um maior risco de doenças psiquiátricas.
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