É um tema e ainda bem, porque reflecte a preocupação crescente que incide sobre o mesmo. Por isso, quanto mais cliché, melhor. Já o referi em crónicas anteriores que cada vez mais temos a certeza que grande parte dos nossos problemas advém do foro emocional e psicológico. As próprias doenças (algumas, claro) têm origem, sabemo-lo hoje, em deformações e experiências negativas que nos afectam ou afectaram e que ficaram como marcas indeléveis na nossa mente.
Se já é difícil explicar isto a um adulto, como será com crianças?
Embora ainda muito falte para erradicarmos do nosso quotidiano as agressões físicas, estas são bem mais fáceis de detectar e de reprovar. Ao invés, as outras, que deixam repercussões, pedem cada vez mais atitudes, menos conversa, mais atenção e uma acção inequívoca para se atenuar esta praga que assola uma sociedade assimétrica e muitas vezes despida de valores essenciais como o respeito e a educação para o bem.
Se já é difícil explicar isto a um adulto, como será com crianças? Mas diabo, se estas distinguem desde cedo a diferença entre o bem e o mal não perceberão também que existem comportamentos inadmissíveis na nossa sociedade? Será que este tema não exige uma campanha profunda nas escolas e centros culturais e desportivos do nosso país, à semelhança do que foi e é feito com o racismo?
Nos 14 anos que trabalhei como relações públicas detectei as mais diversas formas de bullying, em eventos e na noite. O rapaz que tem menos posses e é gozado pela roupa, a menina que tem peso a mais e é descriminada ao ponto de se referirem a ela como 'a gorda é a que leva o carro', o desengonçado que leva piadas por dançar, o que cheira mal e é alvo de chacota dos próprios amigos ou o que tem menos imagem e é obrigado a ser subserviente ao ponto de levar 'calduços' e que se vai rindo para esconder o que sente.
Acho que tudo isso pode ser menorizado se tivermos mais atenção ao que nos rodeia, se criticarmos quem trata mal os outros e se forem tomadas medidas sérias para quem passa os limites. Na escola é fundamental que exista uma atenção profunda porque as crianças muitas vezes são maldosas apenas para ganhar estatuto junto dos amigos. Têm de existir medidas de integração dos mais fracos e deve ser dada uma explicação séria dos efeitos nefastos que as atitudes de uns causam nos seus colegas.
Já chega de conversa. É preciso trocar a reactividade pela proactividade, deixar de lado os lamentos e a pena que sentimos por quem passa por este tipo de situações e começarmos a agir perante elas recriminando e demonstrando que os efeitos psicológicos ficam para a vida e determinam o percurso e a felicidade de uma pessoa. É importante desmascarar, mas sobretudo perceber como se pode prever este tipo de comportamento para que mais possam crescer melhor. Bullying? Não, obrigado.
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