Uma adolescente de 14 anos de idade criou um projeto que tem o potencial de diminuir em mais de 90% o bullying pela internet, ou cyberbullying.
O software Rethink (Repense), da americana Trisha Prabh, é um dos 15 projetos finalistas da Feira de Ciências do Google, cujos vencedores serão anunciados em setembro.
O conceito é interessante: o programa alerta os adolescentes sobre o conteúdo ofensivo das mensagens que eles ainda estão pensando em postar, amparado na descoberta científica de que a parte do cérebro que controla a tomada de decisões e ajuda a pensar antes de agir não está completamente formada antes dos 25 anos.
Assim, o Rethink funciona como um "anjinho bom" que sussurra nos ouvidos dos jovens que postar aquela mensagem pode não ser boa ideia.
Para os testes, Trisha criou dois softwares. Um deles mostrava mensagens ofensivas aos internautas e perguntava se eles as republicariam em suas redes sociais.
No outro software, Rethink, os adolescentes que respondiam sim à pergunta recebiam uma mensagem de alerta: "Essa mensagem pode ser ofensiva para os outros. Você gostaria de parar, revisar e repensar antes de postar?".
Entre os usuários do Rethink, 93% desistiram de postar as mensagens quando receberam o alerta para repensar.
Os testes foram feitos com 300 alunos da escola de Trisha.
Influenciando decisões
A partir daí, a menina criou um protótipo de software que filtra o conteúdo das mensagens de redes sociais e alerta os usuários antes que eles republiquem as mensagens.
A ideia, disse ela em sua apresentação do projeto, é "criar um produto de grande escala que funcione com as redes sociais, sites e aplicativos e que possa se adaptar facilmente a novos sites ou aplicativos que surjam no futuro".
Para ela, os mecanismos que existem hoje e tentam impedir o bullying cibernético são ineficientes porque bloqueiam o conteúdo após ele ter sido postado, e não antes
"Além de prevenir o cyberbullying, o Rethink pode ter também um efeito positivo sobre a capacidade dos adolescentes de tomar decisões, ajudando-os não só nas mídias sociais mas também no mundo real", afirma.
Trisha está na 8ª série de uma escola em Naperville, no estado americano de Illinois, e quer ser neurocientista.
No ano passado, ela apresentou um projeto de software para evitar que os motoristas se distraiam ao volante motivada pela morte de uma tia em um acidente.
A menina conta que, aos seis anos, ganhou um livro sobre aquecimento global e se apaixonou por ciência. "Passei semanas trabalhando no projeto de um carro que usaria apenas vento e água", disse.
Hoje, gosta de psicologia, psicobiologia e ciências cognitivas.
Seu ídolos na ciência, conta, são Charles Darwin, o pai da teoria da evolução, e Louis Pasteur, que criou o processo de pasteurização.
Fonte: BBC Brasil
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