domingo, 9 de março de 2014

Briga entre estudantes chama atenção para violência nas escolas

Vídeo flagra jovens trocando socos em frente a colégio de Curitiba. Situação é recorrente em escolas públicas e particulares, segundo a PM

Fonte: Gazeta do Povo
Dois adolescentes, na faixa dos 15 anos, trocam socos na saída de um colégio particular em um bairro nobre de Curitiba. A cena ocorreu há cerca de duas semanas e, desde então, as imagens têm circulado pelos celulares dos adolescentes. Depois de quase 30 segundos do vídeo, um adulto, que parece estar observando tudo, põe fim à briga.
O fato alerta para um problema que tem ocorrido nas escolas públicas e particulares do estado. De acordo com dados do Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), da Polícia Militar, 19,8% das ocorrências atendidas em 2013 nas escolas estaduais são referentes a brigas entre adolescentes. É o principal motivo dos atendimentos realizados nessas escolas.
“Uma margem de 85% dessas brigas são resolvidas com mediação de conflito”, explica o chefe do planejamento da BPEC, capitão Dalton Gean Perovano. Segundo ele, as causas dos desentendimentos variam, mas giram em torno de namoros, xingamentos e até bullying virtual. “São quase sempre motivos banais”, constata. O BPEC faz atendimento às escolas estaduais, mas, quando acionado, também vai aos colégios particulares.
Responsabilidade
Para o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente, Murillo Digiácomo, a escola é responsável pela educação de seus alunos dentro e fora dos estabelecimentos de ensino, assim como os pais. “Se está acontecendo isso com seus alunos, a escola é responsável. Ela tem de tentar trabalhar a questão da tolerância”, diz o promotor.
Na avaliação dele, a educação do aluno, independentemente do local onde ele esteja naquele momento, é também dever da escola. “A briga demonstra uma falta de educação. Apresenta uma falha também da escola. Também da família. É dever de todos prevenir esse tipo de ocorrência”, alerta.
A professora da Unopar e mestre em Educação Sonia Maria Mendes França defende que a família e a escola precisam estreitar ainda mais o relacionamento. “Temos percebido um universo de intolerância (nas escolas). O individualismo está muito presente nisso”, explica a professora.
De acordo com ela, é preciso que a escola e a família estejam atentas aos indícios de violência, que normalmente antecedem a briga. “Essa forma de lidar com o outro precisa ser trabalhada em casa”, comenta. Para a especialista, há despreparo da escola para resolver questões sobre violência.
Digiácomo alerta, no entanto, que expulsar alunos em razão de brigas só piora a situação, pois deixa o adolescente abandonado. Trata-se de uma fuga da responsabilidade, segundo ele. “Não dá para aceitar esse tipo de comportamento da escola”, conclui.
Orientação
Mediação de conflitos resolve a maior parte das desavenças
O número de atendimentos de brigas em escolas estaduais caiu 12,5% entre 2013 e 2014. O dado compara os meses de fevereiro dos dois anos, início do período escolar. A informação é do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitário (BPEC), da Polícia Militar. Segundo o capitão Dalton Gean Perovano, 97% do trabalho da patrulha é relacionado a ações preventivas de orientação.
“A maior parte dos casos de atendimento a briga são resolvidos com mediação de conflito e uma pequena parcela é encaminhada adiante para delegacia especializada”, exemplifica.
O capitão explica ainda que o BPEC não divulga números absolutos de ocorrências e nem os nomes das escolas em que os casos acontecem para evitar que os estabelecimentos sejam rotulados como violentos. Perovano também destaca que os professores da rede estadual de ensino e os policiais têm sido capacitados de forma contínua para lidar com a violência entre alunos.
19,8% das ocorrências atendidas pelo Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária em 2013, nas escolas estaduais, são referentes a brigas entre adolescentes. Esse é o principal motivo dos atendimentos realizados nessas escolas. Desse total, 85% das brigas são resolvidas com mediação de conflito, segundo o chefe do planejamento do batalhão, capitão Dalton Gean Perovano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário